BRASÍLIA – Carlos Alberto Junior era o nosso correspondente na África, baseado em Luanda, Angola. Foi o primeiro brasileiro a fixar-se no continente por uam empresa de comunicação, em 2008. Desbravador em todos os sentidos, porque, além de efetivamente ser o pioneiro brasileiro por lá, sentou praça num país que mal saíra da guerra civil. Teoricamente rico, por causa do petróleo. Mas enfiado numa confusão em termos de estrutura, instituições, segurança, péssima distribuição de renda, economia precária… enfim, Junior foi um pioneiro mesmo.
Em novembro do ano passado, 2009, ele comunicou a TV Brasil que iria deixar o país no fim do contrato. Seguiria com a mulher, diplomata, para os Estados Unidos. Seria duro convencê-lo a ficar…
Diante das dificuldades enfrentadas pelo Junior, será que era bom manter o correspondente da EBC em Angola? Custos exorbitantes, problemas seríssimos com estrutura e mão de obra locais, corrupção… O trabalho foi bom – apesar de tudo – mas Angola já estava brilhando na TV Brasil por um ano e meio. Simbora, pois, para a próxima estação. Mas qual?
Poderia ser direto a África do Sul: mais estruturado economicamente , tem um governo sólido, liberdade de imprensa, facilidades de para voar a partir de Johanesburgo. Mas todo mundo está lá, por causa da Copa (chegaram depois do Junior na África, e voltam tão logo ela termine). Além disso, tem menos afinidade com o Brasil que outros países africanos. Entre os mais próximos, claro, estão os que falam português. Depois de Angola, onde estava o Junior, o primeiro lugar na lista era de Moçambique.
Moçamba, prazer em conhecê-lo melhor: independente em 1975, embrulhou-se na guerra civil, mas ela acabou em 1994. A guerrilha nunca chegou a Maputo, o que preservou bem a capital (Luanda, por exemplo, está crivada de balas até hoje). Politicamente estável, com o mesmo partido no governo desde a independência, mas eleito e reeleito em pleitos pouco contestados; existe oposição atuante e imprensa livre. A estrutura pra trabalhar é pequena mas crescente (internet é caríssima, coisa de U$ 1000 mensais por 8 mega – mas existe), a telefonia tá lá direitinha, cinegrafistas locais precisam de treino mas são dispostos a isso. E, principalmente, Moçambique cobra um preço que é alto pra tudo (como tudo na África), mas longe dos valores de Luanda (aluguel de casa de 2 quartos porU$ 9 mil, diária de cinegrafista a U$ 700…).
Tudo isso a 40 minutos de avião e 4 horas de carro de Johanesburgo, a 90 quilômetros da fronteira com a África do Sul. De frente pro Oceano Índico, falando português e idiomas locais, crescendo mais de 6% ao ano em 2009, investindo no turismo, cheio de empresas e interesses brasileiros. E cheio de interesse por nós.
Na minha rápida visita a Maputo fiquei impressionado com a manifesta vontade dos jovens moçambicanos de morar nesse maravilhoso país chamado “Malhação”, que chega a eles pela TV todos os dias.
Tema para posts que ainda virão.