Saída pra África? A usada pelo Brasil, diz especialista

Tomaz Salomão é doutor em economia pela John Hopkins University. Foi ministro dos transportes, educação e finanças de Moçambique. É secretário-executivo da SADC. E sugere aos países africanos não darem assim tanta atenção às regras impostas pelo países ricos.

O economista Tomaz Salomão com Lula em Gaborone, Botsuana

Ele deu entrevista pra TV Brasil. Veja aqui.

Salomão conversou comigo na sala VIP do aeroporto de Maputo, antes de embarcar de volta para Botsuana, onde ele vive há 4 anos. A entrevista rendeu duas matérias para a Agência Brasil, que eu já publiquei aqui no ElefanteNews.

Não lembra como foi? Clique aqui, então.

Eu e os portugueses. Os portugueses e eu. Nós e a Copa

Eu com o microfone da TSF. Paulo Cintrão com o da Rádio Bandeirantes. Ao lado, nas carrapetas de Seul, João Bicev. Copa de 2002.

Minha primeira copa foi 1998, na França. Fiz um relato aqui, até, sobre como os portugueses estiveram ligados a essa experiência, via Radio Alfa de Paris (e eu não sabia direito quem era Carlos do Carmo. Leia aqui). Quem tomava conta lá era o Ricardo Botas. Além de diretor da estação, ele apresentava o programa “Xuta Brasil” (com ‘x’ mesmo) comigo.

Fizemos boa amizade. Ele era um tipo divertido, simpatizou comigo, e eu com ele. Vendo Ricardo trabalhar aprendi bastante sobre como não basta falar bom português pra se comunicar bem com todo mundo. Vale, claro, pro sotaque lusitano. Mas vale dentro do Brasil também, devido à vastidão do nosso país.

Segredo: durante a Copa, a convite do Ricardo, dava umas escapadas (seguindo minha escala na Bandeirnates, claro) pra comentar os jogos que eram transmitidos pela TV5 – a estatal francesa – para os países lusófonos da África. Jamais imaginava que um dia, iria morar aqui.

Uns anos depois, perdemos contato. Fiquei sabendo que ele mudara pra São Tomé e Príncipe, mas não o achei mais.

Pois chego aqui a Maputo e bato os olhos numa revista de economia. Li um pouco, gostei, fui ver quem dirigia. Tá lá: Ricardo Botas. “Não é possível…” Mas era. Liguei lá e confirmei ser ele mesmo. Isso foi logo na primeira semana aqui. De lá pra cá, almoçamos duas vezes por semana, quando ele me ensina muito de Moçambique, da África, do mundo. Afinal, quantas pessoas você conhece que já viveram em SETE países?

A seríssima expressão de Ricardo Botas no expediente da Revista Capital

Como ele veio parar aqui? A terceira mulher dele é moçambicana. Lá na França eu conheci aquela que viria a ser a segunda. Comigo já estava a Sandra. Depois de Paris, e daquela mulher, Botas já dirigiu rádio e TV para portugueses em Luxemburgo e Canadá, agência de publicidade em São Tomé. Largou o jornalismo por um tempo e foi dirigir uma fábrica de sabão no interior do Senegal! Voltou pro jornalismo ao aportar aqui, em Maputo, dois anos atrás. Dirige a revista Capital, de economia. Já escrevi artigo lá pra ele; qualquer hora publico aqui também.

Mas Botas não foi o único portugua que conheci em Paris. Outro que andava comigo dum lado pro outro era Paulo Cintrão, da rádio TSF. Portugal tava fora daquela copa e a rádio dele não tinha pago direitos – o que faz da vida de qualquer um O inferno num evento desses. Dei ao Paulo todo suporte que era possível: gravações de jogadores do Brasil, acesso ao centro de imprensa, até café, quando dava. Não queria nada em troca – mas ganhei a amizade dele.

E amizade sempre compensa. Fomos nos reencontrar em 2002 na Coréia, agora com Portugal em campo. Ele me levou como convidado para o jogo Portugal e Coréia do Sul, que desclassificou os patrícios. Fui no ônibus (autocarro, pá!) dos jornalistas portugueses. Uma festa tremenda, eles estavam certos da classificação.  Perderam por 1 a 0. O locutor da TSF, Fernando Correa, quase morreu no fim do jogo. “Portugal prrrdeu! está tudo acabado! Tudo a-ca-baaaa-do!” Acompanhei isso tudo da cabine, enxugando as lágrimas deles.

Naquele centro de imprensa enorme, ninguém podia fumar – claro. Mas ele e o nosso técnico João Bicev não se continham. Um virava pro outro e dizia: “vamos lá na Coréia do Norte?” Era a senha pra ir fumar lá na escada de incêndio, saindo escondido. Como se fosse cruzar a zona desmilitarizada pra entrar na Coréia do Norte…

Não dá pra esquecer do Paulo Cintrão. E pelo que acabei de descobrir, ele também não esqueceu do tio aqui. Ele conta algumas histórias nossas no blog que escreve. Dê uma olhada clicando aqui. Como eles dizem em Portugal, “valapena, pá”…

Subiu a gasolina. Lembra como era?

Foi quinta-feira, fim da tarde. Aumento do combustível! Logo depois o ministro da energia estava no telejornal, explicando os motivos. É o tal “mercado internacional do petroléo”. Todo mundo perde, menos as petrolíferas. O diesel foi de R$ 1,40 para R$ 1,55 o litro. Gasolina foi de R$ 1,55 para R$ 1,58.

Barato? Não pra quem ganha em meticais – cada real compra 20. E subiu o diesel, vai subir o chapa e o frete. Sobem os preços imediatamente, mas o salário não – como em qualquer lugar do mundo.

“Chapa 100” – ou só chapa – é o transporte mais popular de Maputo. São as vans, que trafegam lotadas e – até hoje – custam 5 meticais dentro da cidade, 7,50 pra mais longe e dez quando é muuuito longe. A txopela que me trouxe em casa hoje já cobrou mais caro. Não adiantou chorar (o que é a txopela? Não confunda com maximbombo… Clique aqui e veja no Mosanblog).

Para diminuir a carga nos mais pobres, o governo manteve a isenção do imposto do querosene usado nos candeeiros (muito comum para iluminar as casas, principalmente no interior) e o corte nos impostos dos combustíveis usados na agricultura, pesca e exploração mineira.

Lembra quando, no Brasil, o combustível era tabelado e tinha aumento? Dava plantão, interrompendo a programação das TVs e das rádios. Hoje não tem preço tabelado… só uma mera coincidência nos preços. Coincidência, viu? Não é cartel não.

Mafalala, Eusébio e a Copa

Curti fazer essa matéria em Mafalala, um bairro que fica bem perto do centro de Maputo. O povo recebe bem a gente, quer falar, é bacana. Espero que gostem também.

Também tem uma versão para a TV Brasil, que ainda não foi ao ar. Indo lá, republico aqui. Por enquanto, lembre aqui de Eusébio, mandando ver na seleção brasileira, em 1966.

Mais sobre a vida do Eusébio no “Que Fim Levou?”, do preclaro Milton Neves. Aliás, sabia que o meu fim tá lá também? Ó aqui.

Abaixo, o texto publicado pela Agência Brasil. O link está aqui.

28/05/2010
Bairro moçambicano onde nasceu Eusébio não sabe para quem torcer na Copa

Eduardo Castro
Correspondente da EBC para a África

Maputo – Um dos bairros mais populosos da periferia da capital moçambicana está com o coração dividido. Os moradores da Mafalala ainda não sabem para quem torcer na Copa do Mundo, que começa no dia 11 de junho. A dúvida deve-se à paixão que praticamente todos os países africanos têm pelo futebol brasileiro e ao respeito à história do filho mais ilustre do lugar, o ex-jogador Eusébio.

Aos 72 anos, imam (religioso muçulmano responsável pelas orações e sermões) de uma mesquita na Mafalala, Isufo Hangi fala com saudade do então vizinho, que hoje vive em Portugal. “Joguei ao lado dele uma vez só, no Acadêmica daqui, numa partida que fizemos contra o Sacadura Cabral, em Ressano Garcia, na fronteira com a África do Sul”, conta tio Isufo, como é conhecido.

“O juiz roubou muito contra nós. No final, teve um penalidade máxima que ninguém queria se incumbir de cobrar. Quieto como sempre foi, Eusébio foi bater. ‘Pá’… devagarinho… bola a um lado, guarda-redes ao outro… este era Eusébio”, diz o religioso, tomando um chá, no sofá da casa simples pintada de verde.

Eusébio da Silva Ferreira nasceu em 25 de Janeiro de 1942, numa casa de metal que existe até hoje na Rua de Timor, bairro da Mafalala, então cidade de Lourenço Marques, hoje Maputo. Na época, capital da colônia portuguesa de Moçambique.

O “Pantera Negra” é considerado o maior jogador da história de Portugal e da África. Foi campeão europeu duas vezes com o Benfica (1961 e 1962), time pelo qual também venceu o campeonato português em 11 ocasiões. Foi ainda campeão norte-americano (pelo NASL em 1976) e mexicano (Monterrey, 1976). Maior artilheiro da Europa nas temporadas de 1967. 1968 e 1972 e 1973, fez 733 gols em 745 jogos oficiais.

Ainda jovem, seu passe foi oferecido ao São Paulo Futebol Clube, que não quis fazer o negócio.

O auge da carreira de Eusébio foi em 1966, na Copa da Inglaterra, quando sagrou-se artilheiro da Copa, com nove gols e recebeu a Bola de Ouro de melhor jogador europeu. Liderou a seleção portuguesa que até hoje mais longe foi em um Mundial – terceiro lugar – ao lado de mais três titulares moçambicanos: Coluna, Hilário e Vicente. Portugal perdeu nas semifinais para a dona da casa, a Inglaterra, que viria a ser campeã, por 2 a 1. Nas quartas de final, Eusébio marcou quatro gols e virou um jogo que estava 3 a 0 para a Coreia do Norte. A partida acabou em 5 a 3 para Portugal.

Antes, os portugueses haviam eliminado o Brasil bicampeão do mundo – time de Pelé e Garrincha (que não jogou nessa partida) – na primeira fase. Fato que causou comoção na Mafalala por envolver Eusébio e companhia, e por tratar-se do Brasil, querido desde sempre pelos torcedores moçambicanos. Um dos primeiros times de Eusébio, na Malafala dos anos 30, chamava-se “Os Brasileiros”.

O irmão mais novo de tio Isufo, Issulay, também conviveu com Eusébio nas ruas de terra da Mafalala. “Nosso campinho não existe mais. Hoje há uma escola e uma igreja lá.” Mas nem tudo mudou. O bairro ainda tem esgoto correndo a céu aberto, casebres de caniço e folhas de metal. Três ruas principais são recobertas por pedras, mas sem asfalto. Não há água encanada para todos. Mas hoje há luz elétrica, que não existia em 1966.

“Nem rádio tinha aqui”, lembra Tio Isufo. “Íamos ouvir os relatos (narrações) num alto-falante instalado na frente da sede do jornal Notícias, no centro de Lourenço Marques.” Outra maneira de se informar na época era pela revista brasileira O Cruzeiro. “Até hoje sou fã de Ângela Maria [cantora]. Aliás, ela vai bem?”, pergunta ele.

Na hora do almoço de uma sexta-feira, logo depois das orações muçulmanas, o campinho da Mafalala está cheio de crianças jogando bola. O grande ídolo delas não é Eusébio – que alguns ainda nem conhecem. É Cristiano Ronaldo, atacante do Manchester United e da seleção portuguesa. “Mas isso é só entre os miúdos”, diz Issulay. “Para os mais velhos, Eusébio é que ainda é o craque”.

Mas a empatia por Cristiano Ronaldo não tira o Brasil do coração dos pequenos. Cercado por eles, num intervalo da pelada, pergunto pelo jogo do próximo dia 25 de junho, em Durban, pela Copa, entre Portugal e Brasil. Por acaso, no dia em que se comemora o 35º aniversário da Independência de Moçambique. “Vão torcer para quem?” “Brasil!”, responde a ampla maioria.

Tio Isufo diz estar em dúvida. “Estou entre o Cavaco Silva e o Lula”, brinca, citando os presidentes dos dois países. Issulay também: “vou para o lado em que mais moçambicanos forem”. Se seguirem a “miudagem” da Mafalala, vão torcer pelo Brasil.

Edição: Nádia Franco

A Copa e os vizinhos

Reportagem da Agência Brasil. Publicada assim, na sexta-feira. Abaixo, o texto :

28/05/2010
Copa do Mundo movimenta países vizinhos da África do Sul

Eduardo Castro
Correspondente da EBC para a África

Maputo – A Copa do Mundo será na África do Sul, mas o evento movimenta praticamente todos os países da África Austral. Várias iniciativas foram tomadas nos últimos meses pelos governos dos membros da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral por causa do Mundial de Futebol.

A SADC (sigla em inglês para Southern Africa Development Coordination Conference) inclui, além do país-sede da Copa (África do Sul), Angola, Botsuana, República Democrática do Congo, Lesoto, Madagascar, Malawi, Maurício, Moçambique, Namíbia, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue.

Nesta semana, chefes de polícia de 13 dos 14 países da SADC (Madagascar não participou) criaram uma força-tarefa para atuar durante a Copa. O foco é fortalecer a fiscalização das fronteiras e reforçar o corpo da guarda sul-africana com policiais dos demais países. As grandes preocupações são o deslocamento de bandidos, atraídos pelos turistas que devem vir para o Mundial, e o tráfico de pessoas.

No início do mês, o governo de Moçambique lançou a campanha Bassopa Moçambique (Cuidado, Moçambique em changana, a língua nativa mais falada no sul do país). O objetivo é alertar as famílias para a possibilidade de tráfico de seres humanos, especialmente de mulheres e crianças. E evitar o aliciamento delas pelas redes de prostituição e para trabalho barato ou ilegal na África do Sul.

Mas a Copa no país vizinho não traz só preocupações para esse grupo. Hoje (28) terminou o curso de capacitação para taxistas na capital moçambicana, Maputo. Eles aprenderam noções básicas de inglês e de como tratar os turista que, esperam eles, virão da África do Sul.

Maputo fica a cerca de 550 quilômetros de Joanesburgo por boa estrada. O trajeto é vencido em cerca de 6 horas, contado o trâmite para cruzar a fronteira. Três companhias aéreas fazem o trajeto Joanesburgo-Maputo, de 45 minutos, que custa cerca de R$ 500 o trecho.

O Instituto Nacional de Turismo de Moçambique apostou na Copa como chamariz. Aglutinou operadores locais e sul-africanos para conseguir preços melhores de hotéis, traslados e serviços. Os pacotes incluem a oferta de visitas a Maputo, aos parques de safári próximos (alguns a menos de 100 quilômetros) e as belíssimas praias de Vilanculo, no centro do país, e de Pemba, ao norte. Mas um novo terminal do aeroporto de Maputo, ainda em construção, não ficará pronto a tempo.

Até a estatal de energia elétrica moçambicana lucrou com a Copa na África do Sul. A Electricidade de Moçambique (EDM) vai alocar uma quota adicional de 50 megawatts ao vizinho entre 11 de junho e 11 de junho. Na última reunião da Souther African Power Pull – grupo que congrega as empresas de eletricidade da SADC – foi anunciado que todas se comprometeram a usar suas rede de produção, transporte de energia e competência técnica para apoiar a África do Sul, caso seja necessário.

Edição: Nádia Franco

A Copa de 2002 e a novela coreana

A Copa de 2002 foi interessante pra quem, como eu, trabalhava em rádio. Jogos de madrugada na Coréia-Japão significavam manchetes de manhã, pelo horário do Brasil. A gente deitava e rolava. E sem correr tanto.

Também teve a história da Jovem Pan não transmitir, o que nos deixou (eu era da Rádio Bandeirantes) com a faca, o estilete, a espada… tudo na mão. Principalmente à medida que o queijo aumentava – e só aumentava, porque o Brasil foi bem mais longe que muita gente – a Pan entre eles, acredito – esperava.

Naquele ano, o Grupo Bandeirantes todo mandou só 4 pessoas pra Copa: o pai do gol José Silvério (ouça ele aqui, narrando a final – é de matar de emoção), o repórter Leandro Quesada, o técnico João Bicev e o seu amigo aqui. Comparando, esse ano deve levar, por baixo, umas 150, somando rádio, TV, TV a cabo, etc.

Mas estar lá não bastava. Era preciso mostrar que estava – já que nem todos foram. E mostrar pelo rádio é colocar som.

Pois bem. Na Copa de 94, o cabeção Milton Neves gravou um gol narrado por um colombiano – um único gol – e repetiu aquilo à exaustão. Era legal mesmo. Bom, se um gol fez todo aquele barulho, muitos gols fariam bem mais. E foi o que eu fiz.

Durante os jogos, ia à rádio ou TV das seleções que estavam jogando. Ouvia o jogo lá, ligado na Bandeirantes pelo microfone e escuta sem fio. quando saía gol, o Bicev gravava direto, separava o som e, minutos depois, eu entrava na transmissão e soltava o gol, por exemplo, da Turquia, narrado pela TV turca. Teve um pênalti que o Mendieta bateu e o locutor espanhol gritou gol exatas 85 vezes. Se alguém tiver a gravação… eu, claro, não tenho mais.

Mas só jogo não bastava, precisava encontrar algo que mostrasse que nós estávamos vivendo a vida da Coréia e do Japão. Que estávamos lá. Quebrando a cabeça com isso, abri o jornal (em inglês) e li um editorial metendo o pau numa novela na KBS, emissora pública coreana. Dizia que era um atentado à família, um absurdo, tal. Mas não relatava exatamente qual era o caso. Fiquei intrigado.

Chegando ao café, duas atendente discutiam em coreano. Em inglês, perguntei o motivo. “É a novela”, disse a mocinha. Pronto. Tinha alguém pra me explicar qual era o problema: a professora se apaixonou pelo aluno adolescente. E o romance dos dois era proibido. Aliás, esse era o título da novela: “Romance”, que ia ao ar, lá na Coréia, exatamente na hora em que entrávamos ao vivo no programa Esporte Notícia.

Foi assim que comecei a colocar no ar, no fim do Esporte Notícia, pílulas da novela “Romance”. Roberto Avallone apresentava o programa. Depois de uns dias, entrou na brincadeira: “e aí, Castro, o aluno já beijou a professora?” “Ainda não! Vamos ouvir o capítulo de hoje”. E eu falava 30 segundos sobre o capítulo, com o som da TV por baixo.

A novela teve final feliz. Pra mim, ao menos. Recebi um monte de mensagens de gente que curtiu a história e queria saber quando o mocinho iria beijar a professora. Foi no último capítulo (oh!!!!!), sábado, um dia antes da final Brasil e Alemanha.

E um segredo, que guardei pro fim – como todo bom autor de novela. O capítulo que eu descrevia era sempre o da véspera. Afinal, meu coreano não era “tão” fluente assim, pra pegar a história ali, ao vivo. Aliás, nem dos ouvintes, porque ninguém ligou reclamando que os diálogos que eu descrevia não tinham nada a ver com o que eles falavam em coreano. Tinham sido os do capítulo anterior, que as meninas do café me resumiam animadamente, logo que eu chegava ao centro de imprensa, pela manhã.

PS: lembra do Avalone na Rádio Bandeirantes? 2002, 2003, por aí. Na Copa, chamava o Quesada de “Espadachim de Sevilha”. Eduardo Affonso era o “Rei de Portugal”. E eu era o “Monstro de Seul”. Grande Ávalos.

Aqui dizem lobolo. Em Angola é alambamento…

…mas , no fundo, a idéia é a mesma. Quer casar com ela, bonitão? Pois apresente seus melhores argumentos.

Aqui, no Mosanblog,
a Sandra explica melhor essa tradição casamentícia. Mais pra frente, claro, vai virar reportagem na TV Brasil.

É fato que o hábito está em caindo em desuso. Mas é tão forte que virou comercial de TV em Angola, como você vê aí embaixo.

Nem o porta voz, de viva voz…

Aqui em Moçambique, as autoridades – como, de resto, em quase toda parte – adoram um escaninho, uma assinatura, um “de acordo”. O problema é que eles tratam as demandas dos jornalistas como se fossem uma solicitação de compra de uma caixa de pregos. Amam de paixão um carimbo. Nada sai antes dele.

Não tem sido simples. Pra tudo pedem a “credencial” – uma carta contando quem sou, o que quero e porquê quero, com timbre da empresa, data e assinatura. Faço tudo e eu mesmo assino. Nem sei se notam.

“Ah… queres pra hoje? Pra hoje não sai, pá!”.

Problemão agravado pelo horário de serviço das repartições públicas aqui: das 7:30 (ave maria…) às 15:30. Herança do tempo da guerra civil e da época que luz elétrica era só até ás 18h. Depois disso, candeeiro. Ou gerador a diesel. Isso tudo já mudou. Mas o horário continua.

Hoje foi assim num dos ministérios. Telefonei para o porta-voz, que estava viajando (“já te vi na TV Brasil, ontem à noite!”, disse antes de qualquer coisa). Pelo telefone, ele avisou a secretária do diretor tal, “olha, pode atender a este sr. Eduardo, da TV Brasil”. Como o diretor tal estava numa reunião fora, a pessoa que deveria falar comigo, subordinada do diretor tal, disse que iria esperar pela “credencial” assinada por ele. O pedido do porta-voz, de viva voz, para que falassem comigo, não teve voz. Só amanhã.

Falando em voz, a do Paulo Henrique Amorim é um hit por aqui. Não há uma vez que, ao gravar na rua, não passa alguém a dizer “olá, tudo beimmmm?”, assim que nota que sou brasileiro. Força da TV Miramar, que está mudando de nome para Record Moçambique. Sinal aberto aqui, canal 5 de Maputo.

Eles nos amam. Mas negócios à parte.

Já disse mais de uma vez o quanto os moçambicanos gostam do Brasil. Mas eles também querem seu espaço – claro, aqui, principalmente.

Logo aí abaixo, um exemplo. Moçambique compra muito frango brasileiro – aqui, aliás, eles dizem mais “galinha”. Uma delas foi à TV mostrar suas qualidades e ressaltar, com um meneio de corpo, os defeitos da congênere que cruza o Atlântico.

Ó só:

Dia da África na TV Brasil

Aqui, a reportagem que fiz aqui em Maputo. Ouve duas das maiores personalidades moçambicanas do mundo das artes e cultura: a atriz Lucrécia Paco (já falei dela aqui outro dia, quando ela contou na TV aqui de Moçambique que a única vez que foi vítima de racismo foi no Brasil – óiaqui) e Severino Nguenha, bacharel em Teologia, Doutor em Filosofia e professor da Universidade Lousanne, na Suíça.

Na mesma gravação você vê o quadro “Repórter Brasil Explica” com as razões pelas quais 25 de maio é o Dia da África.

E teve mais. Ó: esta reportagem veio da Bahia. Também sobre o Dia da África.