
Bélia Machava é a produtora. Machava aqui tem um monte – é o “Silva” de Moçambique. Agora, Bélia… só tem essa. Mesmo.
Ela tem 23 anos e um filho pequeno. Mandou o marido embora porque, segundo ela, era um “mafioso”. Mora longe, no bairro Mahotas. Mas mal percebe a distância porque “vem fazendo amigos no chapa”. Ou seja: falando sem parar, com quem estiver dentro da van.
“Xê!”, diz a Bélia quando se espanta com algo. “Ishh yowê”, diz a Bélia quando fica brava. “Hei de aprender bem, sr. Eduardo”, diz a Bélia quando descobre algo novo que gosta e quer fazer. É esperta, a Bélia. Já apresentou programa de rádio, trabalhou em protocolo de festas chiques e deu aula de dança. Com o seu “hei de aprender”, está mesmo aprendendo. E me ajudando.
Bélia vê muita TV brasileira. Entende tudo o que falam. Mas nem sempre o que querem dizer. Daí ela vem: “Sr. Eduardo, onde é Carapicuíba?” “Sr. Eduardo, o que é caviar?” “Sr. Eduardo, o que é orelhão?”
Pois Bélia ligou segunda-feira achando que estava com uma “malariazinha”. Fez o exame – que sai na hora, igual de gravidez. Era malária mesmo. O de “dois x”. Grave, portanto. Morreu de dor segunda e terça. Ontem tinha sono. Hoje voltou pro serviço. Mas voltou diferente.
Não foi a primeira vez, aliás. Em um mês trabalhando comigo, é o quarto cabelo da Bélia. O natural é curto. Daí veio com um outro, também curto, mas nem tanto – era, segundo ela, uma “perruca cosida no próprio cabelo. Xê!”. Hoje apareceu de tranças. “Mas fiz no sábado, sr. Eduardo. Antes da malária.”
Tá bom, Bélia, ficou ótimo seu cabelo… “Mas daqui a pouco eu canso e mudo tudo. Ishh…”

Então tá, Bélia. Só uma coisa: como eu já falei um milhão de vezes, “sr.” Eduardo é a sua mãe…
“Não, sr. Eduardo. Minha mãe é Clementina”, diz a Bélia, rindo.
Clementina Machava. Machava são várias. Bélia, só uma.
Eu já estava gostando da Bélia pelas produções. Agora gosto ainda mais: pelo bom humor, pela beleza e, claro, pelo(s) cabelo(s). Abraço pra você, pra Sandra e pra Bélia.
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Obrigado, meu caro. Repassarei os elogios à Bélia ao voltar pra Maputo.
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Então tá, Bélia. Só uma coisa: como eu já falei um milhão de vezes, “sr.” Eduardo é a sua mãe…
“Não, sr. Eduardo. Minha mãe é Clementina”, diz a Bélia, rindo.
Muito bommmmmmmm!!!!!
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Enriquecedora esta experiência hein Eduardo? Outra figura essa Bélia. Dá até vontade de conhecer… E o “Sr. Edu” continua não é vero? Rsss
Ah que linda a Sandra! Lindo sorriso e uma cara de super gente boa. A foto do Mosamblog não faz jus a beleza dela (acho que é porque tá de longe rss). Abraços para o casal que tem nos presenteado com essas histórias maravilhosas e que tanto tenho aprendido sobre a África, sem sair de Brasília e correr o risco de pegar malário, o que é impagável né? kkk – Lucia Agapito
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