E agora? Como leio isso?

Tem gênio espalhado por redação por aí que diz que, quando o nome próprio na matéria é estrangeiro, devemos pronunciar “o mais próximo possível do original”.

Sempre achei isso uma bobagem. Pra mim soa prepotente, meio que uma vontade de mostrar que sabe falar línguas, ser cidadão do mundo.

Bacana é como fazem os portugueses, que aportuguesam tudo. Bordeux é Bordéus (em que pese a confusão que falar isso no ar pode causar), Stuttgard é Estugarda e Amsterdã é Amisterdão. Sem lembrar que mouse é rato e por aí afora.

Sempre que vinham com essa coisa de “não é Ramála, é Ramalá”, eu pegava o nome da cidade escrito em árabe e pedia pro gênio ler e me falar onde tá o acento, por favor. E o gênio ainda tentava! E lendo vindo da esquerda pra direita…

Pois bem. Depois desse mês aqui na África do Sul, quando os gênios internacionalizados vierem me pedir pra ler “certo”, vou entregar a eles o cartão de um dos meus entrevistados de hoje – Mxolisi Evan Tyawa. Publicitário cuja língua é Xhosa.

Ele bem que tentou me explicar como pronunciava Mxolisi – “assim, com a frente da boca, não com o fundo”, dizia ele, fazendo um estalado típico do idioma.

Não houve jeito. Na matéria, que vocês vão ver hoje à noite no Repórter Brasil, fui pelo mais fácil: identifiquei o cavalheiro pelos dois últimos nomes. Não cometo barbaridade, nem incomodo os gênios da raça jornalítica.

Como? Nem imagina como é o som do Xhosa? Clique aqui e veja um post mais antigo com várias músicas da mítica Miriam Makeba em Xhosa. Uma delas, “Click Song”, tem esse nome por causa dos “cliques” que a língua faz pra falar em Xhosa.

2 comentários em “E agora? Como leio isso?

  1. Oi, Eduardo!! Adorei este post, pois eu sempre achei essa história de falar as palavras da forma mais real possível muito complicado. Além do que, concordo com o tom prepontente que, a nossa imprensa, tem de sobra. Você vê, por exemplo, que o Brasil não se chama Brasil nos Estados Unidos e nem Japão se chama Nihon. Aqui no Japão eles “japonisam” tudo. Os nomes estrangeiros são ditos de acordo com as regras da língua deles. Meu nome mudou a sílaba tônica, por exemplo. Brad Pitt é: Burado Pito. E quem quiser que ache ruim!
    Parabéns pelo trabalho que você está desenvolvendo por aí!

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  2. Não sou expert na língua xhosa, mas achei a sua saída uma jogada de mestre! Ah, acabei de ver a matéria no Repórter Brasil: humm ações de empresas de dirigentes negros menos valorizadas?
    Jogos da copa não tão rolando né? Rss
    Abraços

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