Novidade? Absurdo.

Pela primeira vez desde sempre, Holanda ou Espanha será o campeão. A Europa vai ganhar uma Copa fora do continente. A seleção-sede não passou da primeira fase. E – pra mim o mais inusitado – a final da Copa do Mundo não vai ter Brasil, Itália, Argentina ou Alemanha.

Li coleguinhas dizendo que é “novidade”, “momento histórico”, e tal. Perdão, caros. Para mim não é “novidade”. É um absurdo.

“Então só os grandes podem ter vez, é?” Não. Qualquer um pode ter a sua vez. Os grandes é que não podem deixar a sua vaga escapar.

Brasil, Argentina, Itália e Alemanha moldaram o jogo de futebol como conhecemos. Sem eles, o futebol não seria o mesmo. Não teria ginga, criatividade ou graça. Não teria garra, emoção e categoria. Não teria líbero, e meio campo pegador. Não teria a mesma organização tática, força e disciplina.

Se todos eles fracassam, fracassa o jogo que aprendemos a admirar. Mudança radical, que não vi ser para melhor.

Só admito todos eles fora em caso extremo extremíssimo. Se a Holanda de 74 ocupasse o lugar. Ou a Espanha cheia de craques dos anos 50, que tinha até Di Stefano e Puskas.

Mas a Holanda de 2010 não é a Holanda de 74. E a Espanha de 2010 é a Espanha de sempre.

Fatos, que nem todos querem ver: os ditos craques claramente chegaram mortos, quebrados ou desinteressados no torneio. Não jogaram nada. Nas oitavas de final, erros crassos dos árbitros, contra México e Inglaterra, definiram classificados. Não houve uma única e escassa tentativa – sequer esboço – de inovação tática de ninguém.

Houve jogos emocionantes – claro. Mas emoção motivada pela ruindade, pelo erro. Casos da desclassificação de Gana e do Paraguai. Perder pênaltis no último minuto da prorrogação e dois no mesmo minuto, em fase decisiva de Copa, é imperdoável. Mas deixou os jogos bem mais emocionantes mesmo.

A Copa lembrou, de certa maneira, o Brasileirão do ano passado. Vários times tiveram chance e todas as condições de ganhar o campeonato, mas deixaram escapar. Ganhou o Flamengo porque, por acaso, estava em primeiro quando acabaram as rodadas. Estava claro que, se houvesse mais jogo, poderia dar outro time.

Como ninguém quis ganhar, Holanda e Espanha disputam o título no domingo. Finalmente, um desses contumazes fracassados em Copas do Mundo será o vencedor. O fortuíto campeão de uma Copa cheia de “novidades”.

De lupa e de helicóptero

Retratar a realidade é tarefa complexa, que enfrentamos todo dia na vida de jornalista.

Às vezes uma boa história sobre um único personagem pode dar a entender que toda uma comunidade passa pelo mesmo apuro ou vive a mesma felicidade.

Outras vezes, por inexperiência, pressa – ou má fé – joga-se luz nas opiniões de três ou quatro, como se fossem a sensação única, de todos.

O contrário também acontece. Só falar no geral, mostrando estatísticas, fontes oficiais, não traz o espectador para perto da notícia. Sem encontrar bons personagens, o sujeito que recebe a informação não se sente parte daquele universo e não se conecta com o fato.

O ideal é a boa mistura: olhar o mundo de lupa e de helicóptero.

Sandra passeou por Maputo esses dias. Ela não é mais jornalista, mas continua sabendo identificar boas histórias pela lupa. E de vez enquanto também pega o nosso helicóptero…

Vai lá no Mosanblog pra ver, clicando aqui
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Torceu pra Holanda? Ou pro Uruguai?

No geral, pelo que deu pra perceber, o sul-africano torceu para a Holanda. Achei que eles fariam uma associação dos holandeses com os afrikaners, mas não vi isso na rua não.

Prevaleceu a raiva mais recente: o Uruguai ganhou da África do Sul e tirou Gana da Copa. Virou alvo a ser batido.

Veja como ficou a reportagem, exibida no Repórter Brasil, clicando aqui.

E a galeria completa de fotos da Agência Brasil está aqui
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