Universidade Aberta da África

Impressiona a vontade dos moçambicanos de estudar.

A toda hora me pedem para dar cursos, palestras. Sandra já começa a trabalhar na instalação de uma escola para crianças e em cursos para adultos.

Eles querem aprender, inclusive no jornalismo, comunicação, marketing, tv, rádio.

Quanta diferença quando lembro de tanta gente que acha que sabe tudo.

Abaixo, reportagem da Agência Brasil.

16/09/2010
Instituição de Moçambique é a primeira estrangeira a fazer parte da Universidade Aberta do Brasil

Eduardo Castro
Correspondente da EBC na África

Maputo (Moçambique) – A Universidade Pedagógica de Moçambique (UP) vai ser primeira instituição estrangeira a fazer parte da Universidade Aberta do Brasil (UAB). As aulas devem começar ainda neste segundo semestre. Segundo o reitor da UP, Rogério Utui, os alunos para a primeira turma já estão sendo selecionados.

“O convênio já está assinado e pretendemos fazer o lançamento em novembro, quando o presidente Lula [Luiz Inácio Lula da Silva] virá a Moçambique”, explicou.

Criada em 2006, a Universidade Aberta do Brasil é um sistema integrado por 81 universidades públicas, que oferece cursos de nível superior por meio da educação a distância. A prioridade é formar professores que atuam na educação básica. Atualmente, ela tem 559 polos – todos no Brasil.

“O ensino a distância ajuda a diminuir as assimetrias regionais. Temos a necessidade de garantir acesso para mais gente, no interior. E o Brasil já tem uma larga experiência nisso”, afirma o reitor Utui.

Em Moçambique, serão três polos, nas cidades de Maputo, Beira e Lichinga. Cada um vai atender 60 alunos, nas áreas de pedagogia, biologia e matemática.

Os diplomas serão moçambicanos, mas receberão a convalidação de instituições federais brasileiras. Professores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UniRio), Universidade Federal Fluminense (UFF), e Universidade Federal de Goiás irão trabalhar na implantação dos cursos. Um coordenador-residente virá da Universidade Federal de Mato Grosso.

Tão logo termine a seleção dos primeiros alunos, eles serão apresentados ao método e ao programa brasileiros de ensino a distância, para começar os estudos em seguida. Ele usarão a plataforma eletrônica da UAB, com manuais, livros e exercícios baseados na autoaprendizagem. A UP também tem material didático próprio, que começou a ser desenvolvido há dois anos, para formação e reciclagem de professores das escolas secundárias.

Moçambique expandiu o número de faculdades e universidades nos últimos anos. O país tem 38 instituições de ensino superior (eram 12 há apenas 6 anos), que atendem 75 mil universitários, o que corresponde a 1,9% da população. O índice é pequeno se comparado à média africana – de 5,4%.

A Universidade Pedagógica foi criada há 25 anos, para formar professores. Implantada em todas as 11 províncias (estados) do país, tem cerca de 40 mil alunos nos cursos de linguagem, comunicação e arte, ciências sociais, educação e psicologia, educação física e desporto, ciências naturais e matemática, Escola Superior Técnica e Escola Superior de Contabilidade e Gestão.

Edição: Talita Cavalcante

Etiópia, sinônimo de fome. Até quando?

Publicado pela Agência Brasil.

16/09/2010
Etiópia espera dobrar produção agrícola até 2015

Eduardo Castro
Correspondente da EBC na África

Maputo (Moçambique) – A Etiópia, país que praticamente virou sinônimo de fome no mundo, espera não precisar de ajuda internacional para alimentar sua população em cinco anos. A promessa foi repetida pelo primeiro-ministro Meles Zenawi nessa quarta-feira (15), durante a apresentação do plano quinquenal do governo para o partido dele.

Segundo Zenawi, a produção agrícola etíope aumentou 8% entre 2005 e 2010, e a expectativa é dobrar essa cifra até 2015. A ideia é atrair mais investidores estrangeiros para o setor, autorizando a instalação de fazendas para produção em larga escala. O plano também prevê facilitar o acesso de milhões de pequenos agricultores aos mercados. Eles perfazem 85% da população.

A exploração de petróleo e gás também já traz divisas internacionais para a Etiópia. A Turquia, Índia, China e o Egito têm negócios no país. Mas as indústrias respondem por pouco mais de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) anual. Setores como o bancário e de telecomunicações são pequenos, o que atrapalha a atração de investidores.

A instabilidade política também preocupa os investidores, tanto interna quanto dos vizinhos Eritréia, Somália e Sudão. O primeiro-ministro Zenawi mantém sua posição desde 1995, quando houve as primeira eleições na história recente. Ele foi reeleito em 2005 e neste ano, segundo grupos opositores, mediante fraude e opressão de etnias rivais.

O otimismo do primeiro-ministro se baseia no crescimento da economia do país nos últimos cinco anos que, na média, ficou em 11%. De acordo com Meles Zenawi, a estimativa agora é encostar nos 15% anuais. Menos otimista, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê crescimento de 7% este ano.

A Etiópia é o país africano que há mais tempo é independente e tem a segunda maior população do continente, atrás apenas da Nigéria. Dos seus 85 milhões de habitantes, 5 milhões precisam de ajuda internacional direta para comer. Outros 7 milhões dependem de um programa governamental de ajuda alimentar, chamado de Rede de Proteção, que também recebe fundos internacionais.

Mesmo com o crescimento nos últimos anos, a Etiópia ainda é o segundo país mais pobre do mundo, segundo índice da universidade britânica Oxford, atrás apenas da Somália.

Edição: Graça Adjuto