Reportagem da Agência Brasil.
Já tem gente estudando o efeito disso tudo no psicológico dos africanos, na economia dos africanos, no social dos africanos.
Certamente voltarei ao assunto muitas vezes.
21/09/2010
Moçambique terá mais uma operadora de telefonia móvel
Eduardo Castro
Correspondente da EBC na África
Maputo – Moçambique terá uma terceira operadora de serviços de telefonia móvel a partir do ano que vem. Segundo o ministro dos Transportes e Comunicações, Paulo Zucula, o nome da nova empresa a entrar no mercado será conhecido no final de outubro.
Três propostas estão sendo avaliadas pelos técnicos da pasta. Decidido o vencedor, ele passará pelo Conselho Consultivo do ministério antes de ser apreciado pelo Conselho de Ministros, e só então será oficialmente anunciado.
Concorrem os consórcios TMM (formado pela Portugal Telecom e Visabeira), Movitel (da moçambicana SPI e a vietnamita Movitel) e Unitelecominicações (da angolana Unitel e da moçambicana Insitec).
O número de usuários da telefonia celular no Continente Africano está a caminho dos 300 milhões, bem acima da quantidade de pessoas com computador ou até mesmo com acesso à energia elétrica. Nos últimos anos, a África consolidou-se como o maior mercado em expansão para a telefonia móvel no mundo. O Gabão, por exemplo, já tem quatro operadoras e lança, na semana que vem, a concorrência para operação em tecnologia 3G.
O preço é muito mais baixo que o dos computadores. “Muita gente desfavorecida do ponto de vista socioeconômico hoje tem acesso ao telefone a custos muito mais baixos” diz o sociólogo Book Sambo, da Universidade Eduardo Mondlane, de Moçambique. “Há cinco, seis anos, não era assim, porque só se tinha serviço por contrato (pós-pago). É uma revolução, uma transformação social”.
Hoje em dia, a larga maioria dos usuários opta pelo sistema pré-pago. A tarifa é acessível mesmo aos mais pobres das zonas urbanas. Na capital moçambicana, Maputo, os vendedores de crédito já viraram parte da paisagem, com suas batas amarelas ou azuis – das duas operadoras hoje existentes – Mcel e Vodacom. Também eles beneficiam-se da expansão do serviço, ganhando a vida em uma atividade que não existia há pouco tempo.
O uso “africano” do telefone móvel não se restringe a mandar recados ou a matar saudades. Em Gana, agricultores vendem seus produtos por meio de leilões realizados por torpedos. No Congo e em Uganda, refugiados da guerra civil cadastram-se por SMS para serem mais facilmente localizados pelas famílias. Médicos enviam mensagens para lembrar a seus pacientes com HIV que é preciso tomar a medicação.
Outra utilização corrente é a transferência de dinheiro pelo celular. Começou informalmente, quando as pessoas passaram a enviar créditos umas para as outras, que eram revendidos pelos destinatários. Hoje em dia, operadoras como a Safaricom, do Quênia, oficializaram o método. Graças a isso, em apenas três anos atraiu 7 milhões de clientes e já movimenta algo em torno de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
No começo do mês, uma grande mobilização social em Moçambique foi coordenada por telefone móvel. Durante os protestos dos dias 1o e 2 de setembro contra o aumento no custo de vida, a população foi convocada, avisada e tranquilizada por torpedos. Foram dois dias de bloqueios nas vias, barricadas, saques e choques com a polícia, que acabaram na morte de 13 pessoas.
Uma semana depois das manifestações, o governo anunciou o congelamento de preços, no feriado de 7 de Setembro, dia dos Acordos de Lusaka, que puseram fim à guerra colonial e culminaram na independência de Portugal, em 1975. Na noite do dia 6, as trocas de mensagens ficaram parcialmente interrompidas.
Segundo a imprensa moçambicana, tratou-se de uma ordem da agência reguladora, o Instituto Nacional de Comunicações de Moçambique (INCM), para evitar novas manifestações. O governo negou qualquer interferência, atribuindo o fato a problemas técnicos.
Na semana passada, o INCM solicitou ao Conselho de Ministros a criação de um cadastro nacional dos usuários de aparelhos móveis. Em entrevista ao jornal O País, o ministro da Comunicações e Transportes, Paulo Zucula, disse que a medida, comum em outros países, vai possibilitar o uso do celular para transações bancárias e localizar criminosos que usam o telefone para fazer ameaças.
Edição: Graça Adjuto
Olá. Parabéns pelo blog!
“O número de usuários da telefonia celular no Continente Africano está a caminho dos 300 milhões…”
Interessante esse post. Na verdade, por ignorância, me surpreendi em ler que os consumidores da África estão em plena ascensão.
Esperemos que isso represente passos de um progresso urgente e necessário.
CurtirCurtir
Isso é um mal sem volta! Digo que é um mal quando lembro dos inoportunos telemarketings rsss. Mas achei muito interessante o uso africano em Gana, Congo e Uganda. Legal: melhor usar para negócios, fim social e de saúde do que para convocar uma manifestação, não é mesmo? Abs
CurtirCurtir