Procura-se parceiro… para negócios

Estava apurando outra história, assunto totalmente diferente, quando surgiu essa notícia aqui. Complementei com detalhes que já estavam circulando por aí.

Jornalismo é assim, às vezes: o sujeito mira no urubu, mas acerta na carniça.

28/09/2010
Governo moçambicano busca parceiros para revitalizar empresas públicas

Eduardo Castro
Correspondente da EBC na África

Maputo (Moçambique) – O governo de Moçambique procura parceiros para revitalizar várias empresas públicas que faliram ou funcionam sem dar lucro. Uma das primeiras a serem oferecidas ao mercado é a indústria têxtil Riopele, instalada em Marraquene, perto da capital Maputo.

A Riopele Têxteis é uma das várias fábricas de tecidos que fecharam as portas nos últimos anos. Investidores chineses já demonstraram interesse em revitalizar o setor em Moçambique.

Segundo Gonzaga Santos Jeque, administrador do instituto que gerencia as empresas do estado (Igepe), a ideia é recuperar o patrimônio. Mas já se sabe que, em vários casos, o caminho será a privatização ou até a liquidação. “Há circunstâncias em que ninguém está interessado. Então precisamos procurar um parceiro”, diz Jeque.

Segundo o plano estratégico da instituição, somente 32% das empresas funcionam de forma eficiente, e apenas 7,6% dão lucro.

Socialista entre a independência, em 1975, e os anos 90, Moçambique controla ou participa de mais de 130 empresas, de diversos ramos de atividade. Um plano de privatizações foi desenhado em 1997, logo depois da abertura do mercado. Em 2001, foram definidas as áreas estratégicas em que o Estado deveria atuar.

De acordo com o plano do Igepe, o governo deve concentrar os esforços em 46 empresas, consideradas estratégicas ou rentáveis. Com isso, mais de 90 companhias devem ser vendidas, dissolvidas ou liquidadas até 2014. A maioria não atua mais.

A lei moçambicana permite que o Igepe faça negociações particulares ou públicas, ou ainda promova leilões para vender o patrimônio do Estado. A fábrica de pneus Mabor, por exemplo, será vendida por licitação internacional (em Moçambique chamada de concurso público). A Mabor está fechada desde a década de 90.

Há quase um mês, manifestações contra o aumento do custo de vida paralisaram Maputo e deixaram 13 mortos nos choques com a polícia. Uma semana depois dos primeiros protestos, o governo congelou os aumentos e anunciou medidas de austeridade.

Edição: Juliana Andrade

Zimbábue e seus carros japoneses

Carroça não. Mercedão 93 também não.

Em tempo: numa semana que em que, no Brasil o noticiário está tão focado (nem poderia ser diferente, em semana de eleição) aproveito para levantar temas para tratar mais adiante.

Por isso, o número de posts aqui vai cair um pouquinho. Aproveite para vasculhar mais lá atrás, encontrar coisas que você ainda não viu aqui no ElefanteNews. Sempre tem algo novo.

Passe também no Mosanblog e faça o mesmo. Lá tem, inclusive, uma explicação interessante sobre o uso da chamada “mão inglesa”, como você vê aqui.

Publicado na Agência Brasil.

28/09/2010
Zimbábue proíbe importação de carros com mais de cinco anos de fabricação

Eduardo Castro
Correspondente da EBC na África

Maputo (Moçambique) – Uma nova lei aprovada no Zimbábue proíbe a importação de carros com mais de cinco anos de fabricação. A regra consta do Regulamento de Tráfego Rodoviário, que entra em vigor em março de 2011.

O número de veículos de segunda mão, procedentes principalmente do Japão, cresceu muito nos últimos anos no Zimbábue e em outros países africanos. A legislação japonesa impõe restrições à revenda de automóveis com mais de cinco anos de uso. Graças a isso, são exportados a preços mais acessíveis à população africana.

Segundo o ministro do Meio Ambiente e Recursos Naturais do Zimbábue, Francis Nhema, a medida visa a “salvar vidas e a proteger o meio ambiente”. Só neste ano, mais de 150 pessoas morreram em acidentes de trânsito no país, que tem tem cerca de 15 milhões de habitantes.

“A maioria dos carros que chega aqui foi banida nos seus países de origem”, disse o ministro, citado pela imprensa local. “Mas são jogados aqui no Zimbábue e depende de nós nos protegermos dessa exploração”. O ministro também espera que o banimento impulsione a indústria local, que começou a retomar a produção depois de uma crise que paralisou a economia do país por quase uma década.

A maioria dos veículos vendidos no Zimbábue é de usados, levados do exterior. Cerca de 400 carros são importados por dia.

O novo regulamento de tráfego também proíbe a circulação dos carros que tenham o assento do motorista do lado esquerdo (como é no Brasil, por exemplo). A maioria dos veículos que circula no país já tem a direção instalada do lado direito, porque chega da África do Sul e do Japão.

Grande parte dos países da África Austral (Quênia, Uganda, Tanzânia, Namíbia, África do Sul, Botsuana, Moçambique, Suazilândia, Lesoto, Ilhas Maurício, Comores, Malaui e Zâmbia) adota a chamada “mão inglesa”, com o motorista no lado direito.