Serra Leoa e as armas

Publicada na Agência Brasil.

30/09/2010
ONU suspende embargo para compra de armas em Serra Leoa

Eduardo Castro
Correspondente da EBC na África

Maputo (Moçambique) – O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) suspendeu nessa quarta-feira (29) o embargo para a compra de armas que havia sido imposto a Serra Leoa em 1997. A decisão foi unânime, com votos dos 15 membros do colegiado.

A medida não se justifica mais, segundo o órgão, porque o país conseguiu restabelecer o controle de seu território e desarmar os antigos combatentes. Entre 1991 e 2002, uma guerra civil matou mais de 50 mil pessoas, deixou milhares de mutilados, expulsou de casa mais de um terço da população e fez com que mais de meio milhão de cidadãos buscassem refúgio em outros países.

As Forças Armadas locais retomaram o controle completo do país depois da saída da tropa de paz da ONU, em 2005. Uma missão internacional civil (em inglês, UN Integrated Office in Sierra Leone – Uniosil) passou a acompanhar a situação desde então.

A última eleição presidencial foi em 2007 e, segundo a ONU, o governo de Ernest Bai Koroma tem se empenhado em restabelecer a democracia completamente, criar empregos e combater a corrupção endêmica. Mesmo assim, o mandato para a missão internacional foi renovado por mais um ano.

Serra Leoa fica na África Ocidental, banhada pelo Oceano Atlântico. Ex-colônia britânica, tem 6,5 milhões de habitantes. Como a vizinha Libéria, é rica em diamantes. Um dos motivos da guerra civil foi a disputa pela administração das minas, que respondem por mais da metade das exportações do país.

Metade da população vive da agricultura de subsistência e a indústria é praticamente inexistente. É um dos países mais pobres do mundo, com o terceiro pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), à frente apenas do Afeganistão e do Níger.

Edição: Graça Adjuto

Corrida do Ouro em Moçambique


Quando vi as imagens – são da agência Reuters – lembrei de Serra Pelada, no interior do Pará, onde estive em 1996. A corrida mesmo foi antes, na década de 80. Dez anos depois, restavam o buraco no chão, os garimpeiros sem trabalho e a pobreza.

O imenso buraco, que antes parecia um formigueiro, tinha sido tomado pela água, depois que o ouro acabou e a atividade foi proibida.

Na região em volta, milhares de pessoas esperavam, por anos, poder voltar ao garimpo. Enquanto esperavam… esperavam. Praticamente não tinham o que fazer. Viviam na miséria.

Muitos devem estar lá até hoje. Esperando.

Lembro da frase de um deles: “Tinha muito ouro aqui. Mas, hoje, só na boca. Se a fome apertar demais, ainda dá pra vender os dentes.”

Aqui, na região de Manica, é o ciclo que recomeça, como você vê clicando aqui, na reportagem da TV Brasil.

A mina foi descoberta perto da divisa entre Moçambique e Zimbábue, a mais de mil quilômetros de Maputo.

Como essa, há outras várias, por todo continente.