TV Digital: não foi uma vitória, mas não foi uma derrota

Explico na reportagem da Agência Brasil.

23/11/2010
Países do Sul da África decidem pelo sistema europeu de TV digital

Eduardo Castro
Correspondente da EBC para a África

Maputo – A Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral vai recomendar aos seus 14 membros que adotem o padrão europeu de TV digital (DVB 2), mas deixa a decisão final para cada país individualmente. A brecha possibilita que quem queira opte pelo sistema nipo-brasileiro (ISDB-T).

A decisão não foi encarada como uma derrota pela delegação brasileira que acompanhou as discussões, em Lusaka, na Zâmbia. “É apenas uma recomendação”, diz o assessor especial da Casa Civil, André Barbosa. “Eles (os europeus) vão cantar vitória, mas os nossos apoiadores – Moçambique, Angola e Botsuana – conseguiram manter a porta aberta para o padrão nipo-brasileiro”.

A maioria dos integrantes da comunidade: África do Sul, Angola, Botsuana, Congo, Lesoto, Madagascar, Malaui, Ilhas Maurício, Moçambique, Namíbia, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue sinalizou que deve seguir a recomendação. Mas Barbosa acredita que eles podem mudar de ideia se a União Europeia não cumprir com o apoio prometido.“O DVB 2 é uma nova versão, que só está em uso na Inglaterra. É muita cara e complexa. O conversor custa hoje por volta de 400 euros, o que é inviável para o usuário africano”.

A situação vivida na Argentina e na Colômbia anima brasileiros e japoneses. O Congresso argentino chegou a aprovar uma lei definindo o padrão americano como o escolhido para o país. Mas, devido às conversações posteriores, a lei acabou revogada. Na semana passada, a Colômbia admitiu repensar a decisão favorável ao DVB depois que a União Europeia não repassou U$ 40 milhões (aproximadamente R$ 68 milhões), prometidos há mais de um ano. “A Inglaterra cortou verbas da própria BBC este ano. Acho difícil que faça um investimento de monta na África”.

A decisão foi muito influenciada pela maior economia do continente, a África do Sul, que alega já ter feito investimentos desde 2006, quando da primeira sinalização em favor da adoção pelo bloco do padrão europeu, em uma reunião em Genebra (Suíça).

Brasil e Japão já começaram a discutir com seus apoiadores a realização de mais testes de campo. “O uso da tecnologia, na prática, pela população, será decisiva”, afirma Barbosa. “Vamos fazer testes em Maputo (Moçambique), Luanda (Angola) e Gaborone (Botsuana), com set-up boxes (conversores) e celulares”. Japoneses e brasileiros reúnem-se na semana que vem, em Tóquio, para tratar dos próximos passos a serem adotados.

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