Mais uma burocratice moçambicana digna de registro – em cartório, inclusive.
Meu afilhado virá passar seis meses aqui conosco. Hoje fui ao Ministério da Educação pedir a equivalência de notas, para que ele estude na série certa.
Levei todos os documementos. Milagre não faltar nenhum. O que quase brecou tudo foi o protocolo.
“O senhor precisa fazer a solicitação de próprio punho. O modelo está ali no quadro. Mas não vai dar tempo. São 14:30h e fechamos às 15h, senhor.”
Deu tempo. Mas foi por pouco.
Fiz o tal protocolo, de próprio punho, quatro – eu disse quatro – vezes. Mostrava pra moça e ela só balançava a cabeça: “Vai ser chumbado, senhor” (indicando que não iriam aceitar).
“Mas por que?”
“Aqui, olhe: lá está: ‘Ministro de Educação, excelência.’ E o senhor escreveu ‘Ao ministro da educação”. E me olhava com cara de “isso é óbvio…”
A primeira versão foi “chumbada” por causa do “ao”; a segunda, porque escrevi, ao lado da série em que o Guilherme vai estudar, a expressão “de acordo com a lei brasileira”. Não podia. Era do jeito que estava no quadro. E no quadro não tinha isso, senhor.
A terceira foi a mais irritante – como se as demais já não tivessem sido.
“Aqui, senhor: o senhor não respeitou o espaço de três linhas entre o endereçamento e o texto.”
“Três linhas? Mas estou escrevendo à mão! Tem espaço aí – olha lá”.
“Sim, senhor. Mas, não, senhor. Precisa ser de três linhas de espaço.”
Aos dois minutos pras 15h, ela aceitou a versão definitiva do raio do documento. E meteu lá no fim, pá, em vermelho, o carimbão que demorou tanto pra sair.
“Volto quando?”
Daqui uma semana, senhor”.
“Precisa trazer algo mais”.
“Só mais paciência, senhor.”