Coalisão na Costa do Marfim?

Neste momento já sabemos que Gbagbo não aceitou a proposta. E que cinco pessoas morreram na cidade de Abdjian, em confrontos de grupos rivais.

Está piorando.

11/01/2011
Costa do Marfim: Quattara quer montar governo de unidade nacional

Eduardo Castro
Correspondente da EBC na África

Maputo (Mocambique) – O candidato apontado pela comunidade internacional como vencedor das eleições presidenciais na Costa do Marfim, Alassane Ouattara, está disposto a montar um governo de unidade nacional. Porém, segundo o embaixador da Costa do Marfim na Organização das Nações Unidas (ONU), Youssoufou Bamba, o acordo só seria possível se Laurent Gbagbo efetivamente deixasse a presidência do país.

“O Sr. Gbagbo tem apoiadores, gente competente em seu partido. Estamos preparados a trabalhar junto com essas pessoas, em um gabinete de ampla composição”, disse o diplomata no programa de TV Hardtalk, da BBC de Londres. “Ele foi derrotado, tem que admitir isso. O resto é negociável”, acrescentou.

Bamba foi apontado para o posto por Ouattarra que, mesmo sem assumir a chefia do governo, nomeou um ministério logo depois das eleições, em 28 de novembro. De acordo com os resultados anunciados pela Comissão Eleitoral, ele foi o vencedor. Mas o governo contestou, alegando fraude, e a Justiça reverteu o resultado, dando vitória a Gbagbo.

Desde então, órgãos multilaterais como a ONU e a União Africana pressionam Gbgabo a deixar o poder. Ele resiste, alegando que a decisão da Corte Constitucional é soberana e acusando a comunidade internacional de tentar interferir em questões internas da Costa do Marfim. Além da Justiça, Gbagbo tem o apoio das Forças Armadas marfinenses.

Líderes de outros países africanos já visitaram a Costa do Marfim duas vezes, na tentativa de acabar com o impasse político. Na semana passada, a comitiva formada pelos presidentes de Serra Leoa, Ernest Bai Koroma, de Cabo Verde, Pedro Pires, e do Benim, Bon Yayi, além do primeiro-ministro do Quênia, Rayla Odinga, esteve em Abdijan, em reuniões com os dois candidatos. Ao final dos encontros, disseram apenas que “as negociações continuavam”.

De acordo com a ONU, pelo menos 200 pessoas morreram desde o início da crise política. Mais de 20 mil marfinenses fugiram do país temendo nova guerra civil. A eleição, esperança da volta da estabilidade, ocorreu dez anos depois da última escolha direta dos líderes do país.

Gabgbo manteve-se cinco anos no cargo sem mandato efetivo, porque não havia condições de realizar eleições. Em 2000, houve uma tentativa de golpe para derrubá-lo. Dois anos depois, estourou uma guerra civil entre o Sul e o Norte da Costa do Marfim. Diferenças étnicas também acirram os ânimos. Desde então, o governo central não retomou o controle completo sobre o Norte do país.

Nos últimos dias, 33 pessoas morreram e mais de 70 ficaram feridas na área de Duekoue, em um conflito entre tribos Dioula e Guere, de acordo com dados da ONU. Centenas de moradores deixaram suas casas, buscando abrigo nas igrejas da região.

Edição: Graça Adjuto

Coalisão na Costa do Marfim?

Neste momento já sabemos que Gbagbo não aceitou a proposta. E que cinco pessoas morreram na cidade de Abdjian, em confrontos de grupos rivais.

Está piorando.

11/01/2011
Costa do Marfim: Quattara quer montar governo de unidade nacional

Eduardo Castro
Correspondente da EBC na África

Maputo (Mocambique) – O candidato apontado pela comunidade internacional como vencedor das eleições presidenciais na Costa do Marfim, Alassane Ouattara, está disposto a montar um governo de unidade nacional. Porém, segundo o embaixador da Costa do Marfim na Organização das Nações Unidas (ONU), Youssoufou Bamba, o acordo só seria possível se Laurent Gbagbo efetivamente deixasse a presidência do país.

“O Sr. Gbagbo tem apoiadores, gente competente em seu partido. Estamos preparados a trabalhar junto com essas pessoas, em um gabinete de ampla composição”, disse o diplomata no programa de TV Hardtalk, da BBC de Londres. “Ele foi derrotado, tem que admitir isso. O resto é negociável”, acrescentou.

Bamba foi apontado para o posto por Ouattarra que, mesmo sem assumir a chefia do governo, nomeou um ministério logo depois das eleições, em 28 de novembro. De acordo com os resultados anunciados pela Comissão Eleitoral, ele foi o vencedor. Mas o governo contestou, alegando fraude, e a Justiça reverteu o resultado, dando vitória a Gbagbo.

Desde então, órgãos multilaterais como a ONU e a União Africana pressionam Gbgabo a deixar o poder. Ele resiste, alegando que a decisão da Corte Constitucional é soberana e acusando a comunidade internacional de tentar interferir em questões internas da Costa do Marfim. Além da Justiça, Gbagbo tem o apoio das Forças Armadas marfinenses.

Líderes de outros países africanos já visitaram a Costa do Marfim duas vezes, na tentativa de acabar com o impasse político. Na semana passada, a comitiva formada pelos presidentes de Serra Leoa, Ernest Bai Koroma, de Cabo Verde, Pedro Pires, e do Benim, Bon Yayi, além do primeiro-ministro do Quênia, Rayla Odinga, esteve em Abdijan, em reuniões com os dois candidatos. Ao final dos encontros, disseram apenas que “as negociações continuavam”.

De acordo com a ONU, pelo menos 200 pessoas morreram desde o início da crise política. Mais de 20 mil marfinenses fugiram do país temendo nova guerra civil. A eleição, esperança da volta da estabilidade, ocorreu dez anos depois da última escolha direta dos líderes do país.

Gabgbo manteve-se cinco anos no cargo sem mandato efetivo, porque não havia condições de realizar eleições. Em 2000, houve uma tentativa de golpe para derrubá-lo. Dois anos depois, estourou uma guerra civil entre o Sul e o Norte da Costa do Marfim. Diferenças étnicas também acirram os ânimos. Desde então, o governo central não retomou o controle completo sobre o Norte do país.

Nos últimos dias, 33 pessoas morreram e mais de 70 ficaram feridas na área de Duekoue, em um conflito entre tribos Dioula e Guere, de acordo com dados da ONU. Centenas de moradores deixaram suas casas, buscando abrigo nas igrejas da região.

Edição: Graça Adjuto

Costa do Marfim na TV Brasil

São duas reportagens – de segunda-feira, dia 20 de dezembro, e de terça-feira, 4 de janeiro – com as opiniões de especialistas africanos sobre a África.

Dificilmente vemos isso. No geral é americano, sueco, português inglês, e até brasileiro falando sobre o que eles acham que vai acontecer aqui.

Ressalto que a professora Iraê nasceu, sim, no Brasil. Mas está aqui há 30 anos e é cidadã moçambicana. Segundo ela, foi uma das brasileiras que “o Brasil não quis”.

Foi mais uma que, menina, foi torturada pela ditadura militar. Cumpriu pena e deixou o país. Perdeu até a cidadania. E emocionou-se no sábado, ao ver alguém com história de vida parecida com a dela com a faixa no ombro.

Clicando aqui, você vê a do dia 20.

E clicando aqui, a do dia 4.

De volta ao blog. De volta à Costa do Marfim

Tenho falado desse assunto aqui (e na Agência Brasil, claro) desde antes do primeiro turno. Estava na cara que poderia dar problema. Está na cara que não vai ser fácil de resolver.

03/01/2011
Países africanos voltam a se reunir para avaliar situação na Costa do Marfim

Eduardo Castro
Correspondente da EBC na África

Maputo (Moçambique) – O primeiro-ministro do Quênia, Raila Odinga, enviado da União Africana, junta-se hoje (3) aos chefes de Estado de Benim, Cabo Verde e Serra Leoa para uma nova rodada de negociações na tentativa de que Laurent Gbagbo deixe pacificamente a presidência da Costa do Marfim.

O grupo representa e reforça a Ecowas – Economic Community of West African States ou Comunidade Econômica da África Ocidental -, criada em 1975 e que reúne o Benim, Burkina Faso, Cabo Verde, a Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, a Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, o Níger, a Nigéria, o Senegal, Serra Leoa e o Togo.

Em 28 de novembro passado, Gbagbo e o ex-primeiro ministro Alassane Ouattarra concorreram na primeira eleição na Costa do Marfim em dez anos. A oposição foi declarada vencedora pela Comissão Eleitoral. Mas a Corte Suprema do país reviu os números, alegando fraude, e deu a vitória a Gbagbo.

Além de opositores políticos, os dois candidatos são de etnias diferentes.

Gbagbo chegou a ordenar a saída dos 10 mil soldados da Organização das Nações Unidas (ONU) do país, sob alegação de interferência interna. A ONU foi o primeiro órgão internacional a acusar o então presidente de subverter a vontade popular ao permanecer no poder. Outros organismos multilaterais e países também condenaram a decisão de Gabgbo.

As Nações Unidas mantiveram as tropas para cumprir o mandato internacional de monitorar o acordo de paz, que acabou com a guerra civil de 2002/2003. Os soldados também guardam o hotel onde Ouattara está instalado desde o segundo turno.

Apoiadores de Gbagbo alegam que ele foi legitimamente reeleito e que a decisão da Corte foi soberana, independente e de acordo com a Constituição do país. Na mensagem de Ano-Novo, Gbagbo anunciou que não iria ceder às pressões. Ele controla a rádio e TV estatais e recebe apoio das Forças Armadas marfinenses.

De acordo com a Voz da América, o embaixador Yao Gnamien, conselheiro de Gbagbo, afirmou que os líderes internacionais não chegam para negociar a saída dele do poder, mas sim para “encontrar uma solução pacífica para a crise.”

A Ecowas já alertou que fará “uso legítimo de força” caso Gbagbo se recuse a deixar o cargo. Segundo o embaixador, a comunidade internacional já ouviu as alegações do candidato Ouattara e deveria fazer o mesmo com Gbagbo.

Os presidentes Ernest Bai Koroma (Serra Leoa), Pedro Pires (Cabo Verde) e Bon Yayi (Benim) estiveram em Abdijan na semana do Natal, mas as negociações não tiveram sucesso. Amanhã (4), o grupo se reúne com Goodluck Jonathan, presidente da Nigéria e atual líder da Ecowas, para avaliar a situação.

De acordo com a BBC, grupos de direitos humanos alegam que aliados de Gbagbo sequestraram oponentes políticos. Muitas casas teriam sido marcadas para identificar a origem étnica de seus moradores. Segundo a ONU, o número de mortos desde o início da crise passa de 200.

Edição: Graça Adjuto

Cabo Verde de olho na Costa do Marfim

Terminou hoje – sexta – o curso que vim ministrar para o pessoal da TV de Cabo Verde. Dois turnos desde terça. Praia só no nome da cidade mesmo. E no sábado e domingo… vou fazer matéria, chefe.

Sem contar as matérias que tenho feito daqui para a Agência, como a que está aí embaixo.

Segunda recomeça o curso, agora com o pessoal da rádio. E praia que é bom…

Falando em praia, Praia (a capital de Cabo Verde) é pequena, montanhosa e bem ajeitada. Belos prédios coloniais no Platô, ruas limpas que quase caindo no mar pra todo lado.

Um dia volto, de férias.

08/12/2010
Países vizinhos estão preocupados com a instabilidade política na Costa do Marfim

Eduardo Castro
Correspondente do Brasil na África

Cidade da Praia ( Cabo Verde) – O futuro dos moradores da Costa do Marfim e a possibilidade da volta da guerra civil preocupa os governos dos países próximos. Cidadãos de outras nacionalidades começam a pensar em como deixar o território marfinense caso o conflito recomece. No último fim de semana, pelos menos 300 pessoas fugiram pela fronteira com a Libéria.

O primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, afirmou hoje (8), na Ilha do Sal, Norte do país, que o governo acompanha a situação e já age com discrição. Segundo ele, contatos constantes estão sendo mantidos com a comunidade caboverdiana da Costa do Marfim. Até agora, há calma. “Se houver agudização do conflito, e esperamos que não, estamos com todos os canais abertos e medidas tomadas”, afirmou Neves.

Sobre o impasse político, o primeiro-ministro apela para o entendimento. “A situação é difícil, exige diálogo entre as partes. As regras do jogo democrático precisam ser cumpridas. Devemos nos habituar a eleições livres e transparentes, com aceitação dos resultados”, disse. “A deterioração da situação seria prejudicial para Costa do Marfim e para todo Oeste da África”.

Cabo Verde é um dos poucos países africanos em que a oposição, vitoriosa nas urnas, conseguiu assumir a chefia do governo. Em 1991, o partido de José Maria Neves, o PAICV, perdeu a eleição para o MpD. Mas retornou ao poder, democraticamente, dez anos depois.

A tensão na Costa do Marfim é crescente. Depois de quatro dias de espera pelos resultados do segundo turno das eleições presidenciais, ocorrido em 28 de novembro, a Corte Constitucional inverteu o resultado original, proclamado pela Comissão Eleitoral, que dava vitória ao candidato da oposição, Alassane Ouattara. De acordo com os juízes, houve erro na contagem conduzida pela comissão, que deu 54% dos votos para o ex-primeiro-ministro. Na revisão judicial, o então presidente, Laurent Gbagbo, venceu por 51% a 49%.

A decisão da Justiça da Costa do Marfim provocou reações da comunidade internacional, que pediu que Gbagbo aceitasse o resultado das urnas. Sem ouvir os apelos, o candidato tomou posse para o novo mandato de cinco anos. Ao mesmo tempo, Ouattarra também fez o juramento constitucional e se recusa a aceitar a revisão do resultado.

Para as Nações Unidas, não há espaço para Gbagbo contestar a decisão da Comissão Eleitoral. “O povo escolheu Alassane Ouattara por uma margem irrefutável”, disse o representante da ONU na Costa do Marfim, Young-Jin Choi. Ele também rejeitou a acusação de que a entidade multilateral estaria tentando interferir em temas internos. “Estou apenas fazendo meu trabalho, de acordo com o solicitado pelas autoridades marfinenses”, afirmou ele, em entrevista coletiva.

Na véspera, Choi deu explicações sobre o processo eleitoral aos líderes dos Estados-Membros da Comunidade dos Países da África Ocidental. O grupo reiterou apoio à opinião do representante da ONU. E apelou a Laurent Gbagbo que entregue o poder “sem demoras”.

Esta foi a primeira eleição presidencial na Costa do Marfim em dez anos. O mandato de Gbagbo deveria terminar em 2005, mas as eleições foram adiadas cinco vezes. Em 2002, o governo de Laurent Gbagbo foi alvo de uma tentativa de golpe. Ele manteve-se no poder, mas perdeu o controle da Região Norte do país. A guerra civil prolongou-se por dois anos.

O conflito armado afugentou investidores, que, na época, procuravam o país de 20 milhões de habitantes e maior produtor de cacau do mundo. De lá para cá, a economia deteriorou-se. A rivalidade étnica também tem muito peso na situação, pois Alassane Ouattara e Laurent Gbagbo são de grupos distintos.

Costa do Marfim: já não dizem mais que a oposição ganhou. Agora, ganhou o governo.

Pois é. Era uma coisa. Agora é outra.
Semana que vem vamos publicar – na Agência Brasil e aqui – uma reportagem que estou preparando sobre os golpes de estado, as crises políticas, as implicações econômicas e como a África lida com isso hoje em dia.

Será finalizada em Cabo Verde, para onde viajo amanhã, sábado.

Por enquanto… Costa do Marfim.

03/12/2010
Conselho reverte resultado da eleição na Costa do Marfim e atual presidente é declarado vencedor

Eduardo Castro*
Correspondente da EBC na África

Maputo – O presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, venceu o segundo turno das eleições, realizado no último domingo (28), com mais de 51%, proclamou hoje (3) o Conselho Constitucional marfinense. De acordo com a Agência Lusa, a decisão invalida os resultados provisórios apresentados pela Comissão Eleitoral, que davam a vitória ao ex-primeiro-ministro Alassane Ouattara.

O resultado definitivo foi divulgado pelo presidente do conselho, Paul Yao N”Dré, em declaração à imprensa: Laurent Gbagbo foi reeleito presidente da Costa do Marfim com 51,45% dos votos, contra 48,55 de Quattara.

Segundo o Conselho Constitucional, houve uma série de erros na contagem de votos, conduzida pela Comissão Eleitoral, que deram 54% do total a Ouattara.

De acordo com a BBC, a corte anulou os votos de sete regiões no Norte do país, sob a alegação de irregularidades. É nesta área que a oposição tem mais apoio.

Ontem (2), em meio a muita expectativa, a Comissão Eleitoral havia anunciado a vitória de Ouattara, depois de ultrapassar o prazo legal para a apuração. Pela Constituição marfinense, os votos deveriam estar todos contabilizados até a meia-noite de quarta-feira (1º).

A oposição alega que o atraso se deu por pressão dos partidários do governo, que chegaram a impedir fisicamente a leitura de uma parcial da apuração.

Depois de um primeiro turno relativamente calmo, segundo observadores internacionais, o clima na Costa do Marfim ficou bem mais tenso nas proximidades da segunda votação. Mesmo com os dois candidatos pedindo calma a seus apoiadores, houve cenas de violência e registro de mortes.

Para evitar conflitos durante a apuração, o governo decretou toque de recolher para depois do fechamento das urnas. A medida foi estendida até o próximo domingo (5).

É a primeira eleição presidencial na Costa do Marfim em dez anos. O mandato do atual presidente deveria terminar em 2005, mas as eleições foram adiadas cinco vezes. Em 2002, o governo de Laurent Gbagbo foi alvo de uma tentativa de golpe. Ele manteve-se no poder, mas perdeu o controle da Região Norte. A guerra civil prolongou-se por dois anos.

O conflito armado afugentou investidores, que, na época, procuravam o país – o maior produtor de cacau do mundo. De lá para cá, a economia deteriorou-se.

A rivalidade étnica também tem muito peso no país. Alassane Ouattara e Laurent Gbagbo são de grupos distintos.

*Com informações das agências Lusa e BBC

Edição: Nádia Franco

Eleição na Costa do Marfim: ganhou a oposição. É o que dizem, ao menos

É o tipo de matéria que faço preocupado com o país em questão, mas com alguma satisfação em mostrar como é o mundo a alguns dos nossos compatriotas – aqueles “assustados”.

Aqueles, que arrancam a roupa gritando pela “liberdaaaaaade”, falando em “escalada antidemocrática”, “ditadura”, tal.

Chega a ser ridículo quando espreitamos um pouquinho mais por aí.

02/12/2010
Candidato da oposição vence eleição presidencial marcada pela violência na Costa do Marfim

Eduardo Castro
Correspondente da EBC na África

Maputo (Moçambique) – O ex-primeiro ministro e candidato da oposição, Alassane Ouattara, foi declarado vencedor do segundo turno da eleição presidencial na Costa do Marfim, ocorrido no último domingo (28). De acordo com a Agência Lusa, de Portugal, ele obteve 54,1% dos votos na disputa com o atual presidente, Laurent Gbagbo. Os números finais foram divulgados pelo chefe da Comissão Eleitoral, Youssouf Bakayoko.

A Corte Constitucional contestou a divulgação. Correligionários do atual presidente alegam ter havido fraude no Norte do país, área controlada por antigos rebeldes e onde Ouattara é mais popular. Ontem (1), pelo menos quatro pessoas morreram quando homens armados dispararam tiros contra as pessoas que estavam em um escritório eleitoral de Gbagbo. De acordo com testemunhas, citadas pela agência norte-americana Voz da América, atiradores mascarados invadiram o comitê, em Abidjan (capital do país), pouco antes da meia-noite.

Praticamente ao mesmo tempo, o chefe da Comissão Eleitoral estava na televisão anunciando que precisava de mais tempo para finalizar a apuração. O prazo previsto na Constituição do país expirou à meia-noite de ontem. Na véspera, durante uma tentativa de anúncio dos resultados parciais, um correligionário do atual presidente arrancou das mãos do porta voz da comissão o papel com os resultados contabilizados até então e rasgou o documento na frente das câmeras de TV, que transmitiam o anúncio.

Depois de um primeiro turno relativamente calmo, de acordo com observadores internacionais, as semanas que precederam a votação decisiva de 28 de novembro foram muito tensas, inclusive com confrontos entre correligionários dos dois candidatos. Mesmo com o toque de recolher, carros foram queimados nas ruas de Abidijan, depois do fechamento das urnas.

Por causa da violência, o governo determinou a extensão, até o próximo domingo (5), do toque de recolher que está em vigor desde domingo passado.

A Costa do Marfim, maior produtor de cacau do mundo, deixou de atrair recursos internacionais depois de uma tentativa de golpe de Estado em 2002, que precedeu uma guerra civil que durou dois anos. A eleição, adiada cinco vezes desde 2005, é aguardada como uma chance de o país se reintegrar à economia mundial e voltar a receber investimentos externos.

Edição: Vinicius Doria

Costa do Marfim: depois das eleições, toque de recolher

Diga aí, de cabeça, qual é a capital da Costa do Marfim…
Não lembrou? Role a página pra baixo e olhe no mapa.

26/11/2010
Costa do Marfim terá toque de recolher depois do segundo turno das eleiçõe
s

Eduardo Castro
Correspondente da EBC na África

Maputo – O governo da Costa do Marfim vai decretar toque de recolher no domingo (28) à noite, depois do segundo turno das eleições presidenciais. A polícia vai patrulhar as ruas a partir das 22h, quando começa a contagem dos votos.

Depois de dez anos sem eleições, 14 candidatos concorreram no primeiro turno, em 31 de outubro. O atual presidente Laurent Gbagbo e o ex-primeiro ministro Alassane Dramane Ouattara foram os mais votados e voltam a se enfrentar nas urnas neste domingo.

Para observadores da União Europeia, o primeiro turno foi “relativamente pacífico.” Líderes religiosos, representantes das Nações Unidas e de governos estrangeiros têm expressado, no entanto, preocupação com a reação dos perdedores. Ontem (25), os dois candidatos pediram calma aos eleitores em debate na televisão, o primeiro da história do país.

“As eleições devem ser pacíficas”, afirmou Ouattara. “Quero vencer porque creio ter algo a oferecer ao meu país. Mas, se perder, não é um problema. Bastam os 11 anos de turbulência. É hora de acabar com isso”, disse o atual presidente.

A campanha ganhou tons mais pesados no segundo turno, mas, no debate, os candidatos mantiveram a calma. Economista, Ouattara prometeu trazer investidores de volta à Costa do Marfim. Gbagbo reforçou que, para promover as mudanças necessárias, o país precisa de um líder com capacidade comprovada.

Nas ruas, apoiadores dos dois lados entraram em choque. Pelo menos uma pessoa morreu, esfaqueada, na localidade de Bayota. Na semana passada, também houve confronto. As Nações Unidas decidiram enviar mais 500 soldados e dois helicópteros militares ao país, deslocados da Libéria, para ajudar na manutenção da ordem.

As eleições presidenciais na Costa do Marfim foram adiadas seis vezes desde 2005, quando terminaria o mandato de Laurent Gbagbo. Uma guerra civil estourou em 2002, quando rebeldes no Norte tentaram derrubar o atual presidente. O golpe foi controlado apenas na parte Sul. Graças à instabilidade, o país vive um embargo para a compra de armas desde 2004.

Independente da França há 50 anos, a Costa do Marfim é o maior produtor de cacau do mundo. O país virou polo de atração para muitos estrangeiros no período do chamado “milagre econômico”, nas décadas de 70 e 80, quando a economia crescia a uma média anual de 7%.

Com a guerra civil, os investidores foram embora, deixando mais de 4 milhões de desempregados no país, de 21 milhões de habitantes. Quase 70% dependem da agricultura para sobreviver. Desde 2006, o peso da produção de petróleo e gás supera os ganhos com o cacau.

A Costa do Marfim exporta energia para vizinhos como Gana, o Togo, Benin, Mali e Burkina Faso. O crescimento econômico foi de cerca de 2% em 2008 e de 4% no ano passado. Mas os ganhos per capita caíram 15% desde 1999.

Edição: Graça Adjuto

Não só o Brasil foi às urnas no domingo

Houve eleição aqui na África, em dois países. Saiba mais sobre elas aí embaixo, em duas reportagens publicadas na Agência Brasil.

03/11/2010
Tanzânia elege primeiro albino para cargo político

Eduardo Castro
Correspondente da EBC na África

Maputo (Moçambique) – Pela primeira vez, um homem albino foi eleito para um cargo político na Tanzânia. Salum Khalfani Bar’wani tornou-se deputado e vai representar Lindi Urban, região no Sudeste da Tanzânia, na Assembleia Nacional do país por um partido de oposição.

Pessoas que sofrem de albinismo são alvos frequentes de perseguição e ataques, por causa da crença local de que o uso de partes de seus corpos em rituais de magia pode trazer boa sorte.

O governo faz campanhas de esclarecimento e contra a discriminação, mas os assassinatos ainda são relativamente frequentes no país e no vizinho Burundi. Em agosto, um tribunal tanzaniano sentenciou um queniano a 17 anos de prisão por tentar vender uma pessoa albina a curandeiros.

Em entrevista à BBC, o recém-eleito disse que “sua alegria não tem fim” porque o povo de Lindi reconheceu que os albinos são capazes. Mas ele também creditou a vitória ao descontentamento popular com o atual governo, do Partido da Revolução (CCM – Chama Cha Mapinduzi, na língua local, suahili). Salum Khalfani Bar’wani é da Frente Cívica Unida (CUF).

A Tanzânia promoveu eleições gerais no domingo (31). O atual presidente, Jakaya Kikwete, é apontado como favorito na disputa com mais seis candidatos. No total, 19 milhões de eleitores estavam aptos a votar. O mandato presidencial na Tanzânia é de cinco anos.

De acordo com os observadores da União Europeia, a eleição foi “pacífica e ordeira no geral”. Mas, ainda segundo os especialista europeus, “pontos-chaves do processo careciam de transparência”.

A demora na divulgação de resultados oficiais causou confrontos. Oposicionistas acusam a polícia de dispersar manifestações com bombas de gás em Dar Er Salam, capital do país, e também nas cidades de Arusha e Mwanza. Mesmo durante a eleição, jatos de água foram usados contra eleitores nas proximidades de um local da votação.

Nesta quarta-feira (3), líderes da oposição solicitaram à Comissão Eleitoral que pare a contagem, denunciando fraude. A apuração está demorando mais que o esperado pelos analistas locais.

A Tanzânia é a segunda maior economia do Leste africano, atrás apenas do Quênia. Tem aproximadamente 40 milhões de habitantes. Tornou-se independente do Reino Unido na década de 60, mas ganhou os contornos atuais em 1964, com a união dos estados de Tanganyika e Zanzibar.

Viveu sua primeira eleição somente 31 anos depois, ao sair do regime de partido único. Suas votações anteriores já tiveram os resultados contestados, inclusive por observadores internacionais.

O país está no grupo dos 10 mais pobres do mundo no critério de renda per capita. Uma recente reforma no setor bancário deu fôlego à economia, que cresceu estimados 6% em 2009, mesmo em meio à crise mundial.

Edição: Talita Cavalcante

01/11/2010
Pesquisas indicam possibilidade de segundo turno na Costa do Marfim

Eduardo Castro
Correspondente da EBC na África

Maputo – Depois de dez anos, os habitantes da Costa do Marfim votaram nesse domingo (31) para escolher seu presidente. Quatorze candidatos concorreram, e as pesquisas indicam a possibilidade de haver segundo turno. Laurent Gbagbo, atual ocupante do cargo, está à frente nas sondagens. Caso seja preciso, a segunda votação foi marcada para 28 de novembro.

Como opositores mais prováveis surgem o ex-presidente Henri Konan Bédié, derrubado por um golpe de Estado em 1999, e o ex-primeiro ministro Alassane Dramane Ouattara.

O processo foi adiado seis vezes desde 2005, quando terminaria o mandato do atual presidente. Rebeliões no Norte do país e dificuldades para recadastrar os eleitores foram alguns dos motivos apresentados. Uma guerra civil estourou em 2002, quando rebeldes no Norte tentaram derrubar o atual presidente. O golpe foi controlado apenas na parte Sul. Por conta da instabilidade, o país vive um embargo para compra de armas de fogo desde 2004.

Entidades de direitos humanos, como o Human Rights Watch, denunciaram a ocorrência de assaltos, estupros e pancadaria em cidades e estradas de Moyen Cavally e Dix-Huit Montagnes nas últimas semanas. As organizações humanitárias definem a área como o “Oeste Bravio”.

As Nações Unidas enviaram mais de 8.500 soldados para acompanhar o processo eleitoral. De acordo com o representante do secretário-geral YJ Choi, o processo foi tranquilo e 5,7 milhões de marfinenses estavam aptos a votar.

Cinco locais de votação, entretanto, precisaram ser fechados depois de atos de violência em Paris, capital francesa, onde vivem mais de um terço dos emigrantes marfinenses.

Os primeiros resultados da eleição devem ser anunciados ao longo da semana.

Independente da França há 50 anos, a Costa do Marfim é o maior produtor de cacau do mundo, o que fez a nação muito próspera. Foi um polo de atração de muitos estrangeiros no período do chamado “milagre econômico” local, vivido nas décadas de 70 e 80, quando a economia crescia a uma média anual de 7%.

Com a instabilidade, os investidores foram embora, deixando mais de 4 milhões de desempregados no país, que tem 21 milhões de habitantes. Quase 70% dependem da agricultura para sobreviver. Desde 2006, o peso da produção de petróleo e gás supera os ganhos com o cacau. O país exporta energia para vizinhos como Gana, Togo, Benin, Mali e Burkina Faso. O crescimento econômico foi de cerca de 2% em 2008 e 4% no ano passado. Mas os ganhos per capita caíram 15% desde 1999.

Edição: Graça Adjuto