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Tag: Fórum Social Mundial 2011

Terminou o Fórum Social de Dacar

O próximo pode voltar para Porto Alegre.

A decisão começa a ser tomada hoje, mas será anunciada só em maio.

Aqui, você vê a reportagem da TV Brasil.

Abaixo, o texto da Agência Brasil.

11/02/2011
Conflitos no mundo árabe e justiça ambiental marcam discussões no FSM

Eduardo Castro
Correspondente da EBC para a África

Dacar – Os conflitos em países árabes foram praticamente o principal tema de discussões e debates no cinco dias do Fórum Social Mundial (FSM), que terminou hoje (11). O evento, dentro de sua própria concepção, discute mudanças sociais que ocorrem no mundo por ocasião de sua realização. Mas outra explicação para a recorrência do tema nos debates é o fato do Senegal estar localizado na porção Ocidental da África.

“Obviamente, como estamos na África, os temas dos conflitos dos povos árabes, especialmente no Egito e na Tunísia [que ficam ao Norte], foram mesmo uma preocupação central”, diz o sociólogo venezuelano Edgardo Lander.

“No caso egípcio, o que está em jogo não é só a luta por democracia de 80 milhões de habitantes, mas também o fato de [o Egito] ser uma peça de destaque na geopolítica global, fundamental para os Estados Unidos por causa do Canal de Suez, do petróleo, da relação com Israel. É importante nessa ordem imperial em funcionamento no Oriente Médio”, declarou Lander, durante protesto feito por participantes do fórum contra a permanência de Mubarak no poder, em frente à embaixada egípcia.

Mas o sociólogo destacou outro tema do fórum deste ano: a articulação ligada à luta por justiça ambiental. “Transformou-se em um eixo que, de alguma forma, articula a autonomia alimentar, a dívida externa, o militarismo. É um ponto de convergência, que permite articular uma parte fundamental na luta contra o padrão destrutivo da globalização liberal e o reconhecimento dos limites do planeta”.

Nos cinco dias do fórum, os marroquinos protagonizaram um embate constante com os cidadãos do Saara Ocidental, hoje parte do território do Marrocos, mas que busca independência. Sindicatos e participantes provenientes do país marcavam seus discursos – sobre qualquer tema – com a frase “O Marrocos é só um”, enquanto os moradores do Saara Ocidental buscavam espaços para se manifestar.

Em uma das assembleias de encerramento da 11ª edição do FSM, o encontro das mulheres, o choque de posições impediu a assinatura de uma declaração conjunta, já que as marroquinas impediram que fosse feita menção de apoio à independência do Saara Ocidental. Outra carta circulou em separado e foi assinada por várias entidades.

No evento, os brasileiros estiveram muito envolvidos e atentos às questões de desenvolvimento econômico e meio ambiente. O motivo é a realização de dois eventos que tratam dos dois temas neste ano: em dezembro ocorre a 17ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP17), em Durban, África do Sul; e, em 2012, a Conferência Rio+20, que leva esse nome por marcar os 20 anos da Rio 92, evento sediado pelo Rio de Janeiro considerado um divisor nas discussões sobre as questões ambientais.

“Nós estamos fazendo uma articulação para os dois eventos em conjunto”, contou a coordenadora da Rede Jubileu Sul para a América Latina e o Caribe, Sandra Quintela. “Agora, na COP16, em Cancun [o evento ocorreu em dezembro do ano passado], houve um reforço à economia de mercado, chamada de economia verde, que, na verdade, são falsas soluções, que não vão frear o aquecimento global”.

O grupo de ativistas brasileiros no fórum foi grande e representativo. Berço do Fórum Social Mundial, cujas primeiras edições foram em Porto Alegre, o país pode voltar a sediar o evento em 2013. O governo do Rio Grande do Sul já trabalha para que isso se concretize, tendo divulgado uma uma carta em que Porto Alegre é citada como alternativa. Montreal, no Canadá, também pode apresentar-se como candidata a sediar a próxima edição do fórum, bem como cidades europeias.

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Publicado em 12/02/201112/02/2011 por eduacastroPublicado em África, Na estrada, pela ÁfricaCom a tag Agência Brasil, Dacar, Edgardo Lander., encerramento do Fórum Social Mundial, Fórum Social Mundial 2011, Rede Jubileu Sul para a América Latina e o Caribe, Repórter Brasil, Sandra Quintela, Senegal, TV Brasil. 2 Comentários

O Egito e o Fórum Social

Terminou o Fórum Social.

Aliás, já teclo de casa, em Maputo, onde acabei de chegar depois de 15 horas de viagem.

Antes do encerramento, chegou a notícia da queda de Hosny Mubarak.

Os egípcios comemoraram. Veja aqui como mostramos isso no Repórter Brasil.

E, abaixo, a reportagem da Agência Brasil.

11/02/2011
Renúncia de Mubarak é comemorada no Senegal entre participantes do Fórum Social Mundial

Eduardo Castro
Correspondente da EBC para a África

Dacar – A notícia da renúncia do presidente egípcio Hosni Mubarak foi recebida hoje (11) com festa na cerimônia de encerramento do Fórum Social Mundial, em Dacar, no Senegal. Foi assunto em várias falas na mesa da cerimônia e também entre os participantes. “Eu simplesmente ainda não acredito que isso aconteceu”, dizia, exultante, a ativista social egípcia Wedad Ekkerdaoul. “Desde que nasci, Mubarak era o presidente. Nunca conheci nenhum outro.”

Antes de chegar a Dacar, Wedad participou ativamente dos movimentos populares que paralisaram o Cairo e outras cidades egípcias desde o dia 25 de janeiro. Um de seus irmãos, um rapaz de 18 anos, dormiu em uma das tendas da Praça Tahrir, lotada há dias pelos manifestantes. “Tenho 27 anos e nunca votei. Quero votar pela primeira vez. É um dia de grande emoção para nós”.

Mais comedido, o vice-presidente do Fórum Social Africano, Mamdouh Harashi, dizia ser esse só o começo de um longo caminho. “É só o primeiro passo [a renúncia de Mubarak]. Mas um passo muito significativo”, afirmou. “O desejo da revolução é ver cair todo o regime. E Mubarak não é todo o regime. É um processo. Temos muito o que lutar ainda”.

Harashi lembrou que uma das demandas da oposição popular a Mubarak é levar à Justiça os responsáveis pelos mortos e feridos nas manifestações pela saída do presidente. Outras demandas são “a saída de todos [os integrantes] do antigo regime, o fim do estado de emergência e das leis contra as liberdades políticas, com nova Constituição e com eleições livres pela primeira vez em 60 anos”.

Antes do anúncio da renúncia, cerca de 150 participantes do fórum fizeram uma manifestação em frente à Embaixada do Egito no Senegal. Com faixas, cartazes e bandeiras do Egito, eles pediam a saída imediata do presidente, com palavras de ordem em árabe e francês.

“ É fundamental o fórum estar na luta pela democracia no Egito”, opinou o coordenador do Comitê dos Direitos do Homem de Marrocos, Mohamed Salmi. “É a liberdade dos povos que está em jogo e que está sendo discutida aqui. Os países ocidentais precisam entender que devem estar ao lado do povo e, não, ao lado de quem o oprime.” Com um megafone, Salmi comandou a coleta de assinaturas para um abaixo-assinado por mais democracia no Egito, lido em voz alta em vários idiomas.

Edição: Lana Cristina

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Publicado em 12/02/201112/02/2011 por eduacastroPublicado em África, Na estrada, pela ÁfricaCom a tag Agência Brasil, Dacar, Fórum Social Mundial 2011, Hosny Mubarak, protestos no Egito, queda de Mubarak, Repórter Brasil, Senegal, TV Brasil. 1 Comentário

Fórum: o que querem os movimentos sociais

O Fórum não faz uma carta final, mas o documento elaborado pela assembléia dos movimentos sociais é um bom balizamento.

Reportagem da Agência Brasil.

10/02/2011
Movimentos sociais convocam manifestação de apoio ao povo egípcio em Dacar

Eduardo Castro
Correspondente da Agência Brasil para a África

Dacar (Senegal) – Entidades e representantes dos movimentos sociais marcaram para amanhã (11) uma manifestação em frente à Embaixada do Egito, em Dacar, onde acontece a 11ª edição do Fórum Social Mundial.

Em assembleia, os movimentos sociais deliberaram que querem apoiar e mostrar solidariedade aos povos do Egito, da Tunísia e do mundo árabe. A reunião foi realizada na Universidade Cheik Anta Diop. De acordo com o texto, “suas lutas [dos egípcios] estão iluminando o caminho para outro mundo, livre da opressão e exploração”.

Na carta, os movimentos sociais também dizem que apoiam a Costa do Marfim e os povos da África e outros continentes a lutar pela soberania e participação democrática. Eles defendem a “autodeterminação dos povos”.

O texto denuncia “o papel de atores como bancos, empresas transnacionais, a mídia de massa e as instituições internacionais que, na busca constante pelos lucros máximos, continuam com suas políticas intervencionistas de guerra, ocupação militar, as chamadas ‘missões humanitárias’, novas bases militares, pilhagem de recursos naturais, explorações dos povos e manipulação ideológica”. Eles completam que “com o capitalismo, não há saída para a crise”.

Outro ponto aprovado na assembleia foi declarar 20 de março como o Dia da Solidariedade Internacional para com os povos africano e árabe, com a resistência dos povos palestino e do Saara Ocidental, as mobilizações europeia, asiática e africana contra os planos de ajustes e da dívida e com todas as lutas em curso na América Latina. O dia 12 de outubro foi aprovado como o Dia Global de Ação contra o Capitalismo.

Os movimentos sociais criticiram o “uso de bases militares imperialistas para disparar conflitos, exercer controle ou pilhar recursos naturais ou apoiar iniciativas antidemocráticas como o golpe em Honduras e a ocupação militar no Haiti (…), Afeganistão, Iraque, na República Democrática do Congo e em muitos outros [países]”.

A assembleia convocou a militância a fazer manifestações em encontros de lideranças internacionais como o G20 e o G8, na 17ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP17), em Durban, África do Sul e na Rio+20, que ocorre no ano que vem no Brasil, “para reassegurar os direitos naturais e das pessoas e bloquear o ilegítimo Acordo de Cancun”. O Acordo de Cancun foi estabelecido em dezembro do ano passado, na COP16, com a aprovação do Fundo Verde e a extensão do Protocolo de Quioto para além de 2012.

Edição: Lana Cristina

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Publicado em 11/02/2011 por eduacastroPublicado em África, Na estrada, pela ÁfricaCom a tag Agência Brasil, Dacar, Fórum Social Mundial 2011, propostas dos movimento sociais, Senegal. 1 Comentário

Como foi o Fórum? As lideranças respondem

Amanhã coloco aqui o que o povo achou.
Que é o que vale, afinal de contas.

Clicando aqui, você assiste a reportagem da TV Brasil.

Clicando aqui, outra matéria, com a entrevista de Boaventura de Sousa Santos.

E logo aí abaixo está o texto com o mesmo tema, que foi publicado na Agência Brasil.

10/02/2011
Participantes do Fórum Social Mundial elogiam maturidade do encontro

Eduardo Castro
Correspondente da EBC na África

Dacar (Senegal) – O Fórum Social Mundial deveria intensificar a atividade política e aproveitar melhor as informações que estão em circulação, como as que vazam pelo sítio Wikileaks. A opinião é do pensador português Boaventura de Sousa Santos. “A comissão de Comunicação tem que ter um papel muito mais ativo, mais interveniente”, diz ele. “Precisamos de mais análise e organização profissional, produzindo anualmente um relatório econômico mundial, sobre o mundo que queremos e o mundo que não queremos, que não pode ser igual ao do Fórum Econômico Mundial ou o da ONU [Nações Unidas].”

Para Boaventura, o encontro, que já está na décima primeira edição, não pode perder suas características, mas deve se transformar. “É um ano de grande reflexão sobre as mudanças que têm que ocorrer dentro do próprio fórum. Penso que já há um consenso de que ele tem que ser esse espaço maravilhoso, aberto, de face à face, de encontros a cada dois anos, mas também tem que ser algo mais. Temos que intensificar a atividade política do fórum”.

Autor de mais de 30 livros, entre eles Renovar a Teoria Crítica e Reinventar a Emancipação Social; Refundação do Estado na América Latina; A Ascenção da Esquerda Global: O Fórum Social e Além; e Fórum Social Mundial: Manual de Uso, Boaventura acredita ser esta a hora de “intensificar as formas de educação e comunicação entre os movimentos. Ainda temos muitas dificuldades nessa articulação e na estratégia”. Como algo a ser criado, ele cita a Universidade Popular dos Movimentos Sociais, em termos continentais.

Sobre os temas debatidos este ano, o acadêmico, que é diretor do Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e doutor em sociologia do direito pela Universidade de Yale, destaca a própria África, que recebe o fórum pela segunda vez (a primeira foi em Nairóbi, no Quênia, em 2007). “Penso que a África vai ter outra centralidade nos negócios do mundo”, afirma Boaventura. “Hoje, é a ainda um continente onde o neoliberalismo – que já esteve muito presente na América Latina e hoje já não é tanto – ainda está muito dominante. Infelizmente, aqui, a União Europeia faz o mesmo papel dos Estados Unidos na América Latina. Mas a resistência contra isso está muito evidente aqui, com os africanos na defesa da sua economia familiar, das suas sementes, sua agricultura, sua terra. O fórum é um enorme sucesso para a África, sobretudo.”

As revoltas sociais vividas no Egito e na Tunísia nos últimos meses são, segundo ele, uma prova de que a África é um “continente em movimento”, e que as transformações políticas “provavelmente não serão confinadas a esses países”.

“O fórum é a escola mais rica de cultura política que nós inventamos, mas também é a mais frágil, pois é uma coisa simples”, diz Cândido Grzybowski, diretor-geral do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e do Comitê Internacional do Fórum Social Mundial. Segundo ele, reduzir o número de atividades este ano (de 5 mil para cerca de mil) foi positivo. “O temário foi o mais avançado de todos os fóruns. É o mais bem concentrado e articulado. Há uma convergência entre os temas. Já não é mais ‘contra o FMI’, ou ‘contra o Banco Mundial’, ‘G8’, ou ‘G20’. É uma mudança ligada à crise do neoliberalismo, que ninguém acredita mais que possa se recuperar. Estamos tentando construir alternativas”, afirma Cândido.

Para a peruana Gina Vargas, da Articulação Feminista Marcosul Latinamérica, os obstáculos logísticos foram superados com discussões produtivas.“Estamos abrindo novas perspectivas que me parecem fundamentais para pensar outros mundos que sejam possíveis, libertos, plurais e democráticos”.

Para o empresário Oded Grajew, um dos criadores do Fórum, o eixo central das atividades ligadas ao Brasil foram as articulações em torno da Rio+20, conferência que pretende rever o cumprimento da Agenda 21 de crescimento econômico, desenvolvimento social e proteção ambiental estabelecida na Conferência Rio 92.

“É uma grande conferência mundial sobre a economia chamada de verde, modelo de desenvolvimento que faz com que a vida, no decorrer do tempo, seja melhor, e não pior. Aqui se articulam vários movimentos para que a Rio+20 produza os resultados que a gente espera”, afirma Grajew. Mas, diz ele, o mais importante é o que vem depois. “Todos nós militamos fora do fórum. O fórum dá a oportunidade das pessoas e organizações colocarem para todos as suas causas e se articularem com outros para ter mais força política para fazer as coisas acontecerem”.

Edição: Vinicius Doria

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Publicado em 11/02/201111/02/2011 por eduacastroPublicado em África, Na estrada, pela ÁfricaCom a tag Agência Brasil, Articulação Feminista Marcosul Latinamérica, Boaventura de Sousa Santos, Cândido Grzybowski, Dacar, Fórum Social Mundial 2011, Gina Vargas, Oded Grajew, Repórter Brasil, Senegal, TV Brasil. 2 Comentários

Salário mínimo: é mínimo, mas é.

Ganhar salário mínimo não é privilégio.
Tê-lo como lei é.
Não acredita?

08/02/2011
Ao participar do Fórum Social Mundial, ministro reforça defesa de salário mínimo de R$ 545

Eduardo Castro

Correspondente da EBC na África

Dacar (Senegal) – O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou que o governo não vê espaço para conceder um aumento do salário mínimo maior, como pedem as centrais sindicais, que reivindicam R$ 580. O governo propõe um valor de R$ 545 para o mínimo.

“Na questão do mínimo, entendemos que não há mais negociação”, disse o ministro.“Mas a pauta não se restringe a isso. Temos ainda que discutir o reajuste da tabela do Imposto de Renda e outros pontos”, afirmou Carvalho. O reajuste na tabela, “justo”, segundo ele, deve começar no patamar de 4,5%, referente à inflação.

Segundo o ministro, o valor estipulado de R$ 545 é ditado pelo acordo de 2007, que assegura até 2023 a inflação e o ganho real baseado no Produto Interno Bruto (PIB) dos dois anos anteriores. “Pode ocorrer um acidente como agora, mas já para o ano que vem será em torno de 13%, juntando a inflação real e a prevista.”

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) nega que esteja pedindo o rompimento do que foi acertado há quatro anos. “Queremos que o acordo seja mantido”, disse o diretor executivo da CUT, Antonio Lourenço. “Mas também queremos que, neste ano, em função da crise, o acordo crie uma excepcionalidade e o salário mínimo possa sofrer um aumento maior do que está previsto.”

Carvalho diz que é a pressão das centrais sindicais é “natural”, assim como, ao governo, dizer não ao pedido. “Quando se está no governo, deve-se ter muito cuidado para não fazer nenhuma bravata ou promessa que depois não se cumpra. Preferimos manter agora esse acordo, não dando um aumento significativo – praticamente só a reposição da inflação – para que no ano que vem a gente possa honrar esse compromisso.”

O ministro e diretor executivo da CUT participaram hoje (8) de eventos no Fórum Social Mundial, em Dacar, Senegal. Na mesa sobre a cooperação Sul-Sul do seminário Pensar adiante: a caminho do novo paradigma de desenvolvimento, da Fundação Friedrich Ebert, Carvalho defendeu a posição brasileira de optar pela diversificação de mercados, iniciada no governo Lula.

“Países que apostaram na cooperação Sul-Sul estão numa situação nitidamente melhor do que os que se submeteram a tratados individuais”, afirmou o ministro. “Acreditamos que uma nova relação é possível e nosso intercâmbio entre países do Sul pode permitir a elaboração de novas alternativas e propostas.”

Respondendo às perguntas da plateia, Carvalho disse que “seria falso reivindicar para o governo brasileiro a classificação de socialista.” Porém, disse ele, “se entendermos que esquerda é colocar os recursos públicos à disposição dos excluídos, criar empregos que dê um mínimo de dignidade e dar mais que possibilidade de sobrevivência aos agricultores familiares, penso que somos, sim, um governo que pende para a esquerda”.

Ele reconheceu que há uma enorme quantidade de grandes propriedades no Brasil e que o latifúndio “é necessário para trazer divisas provenientes de exportação”, mas o governo se esforça para valorizar a agricultura familiar. “Temos ainda um grande caminho a percorrer. O processo de transformação de uma sociedade não é fácil.”

Em outra mesa, o ministro falou das iniciativas brasileiras de se aproximar da África para saldar parte da “dívida impagável” que tem com o povo do continente. Segundo ele, o “velho modelo de apoio à África faliu”, porque o dinheiro enviado como ajuda ficava com as lideranças políticas e econômicas, que não o distribuíam. O modelo adotado pelo Brasil, segundo ele, inclui transferir tecnologia econômica e social.

Carvalho lembrou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em 29 países africanos e abriu 19 embaixadas no continente. Entre os projetos de cooperação, destacou a abertura de uma sede da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em Gana para transferir conhecimentos sobre o cerrado brasileiro, a fim aplicá-los na savana africana. Ele lembrou a inauguração da Universidade Afro-Brasileira no Ceará e falou da ideia de aplicar o financiamento para estudantes africanos no Brasil.

Também no evento, o sindicalista guineense Estevão Gomes Có lembrou que muitas das dificuldades enfrentadas pelos africanos já foram superadas pelos brasileiros. “Estamos em um debate com o governo agora para criar o salário mínimo. Ainda não temos esse direito”, disse o representante da União dos Trabalhadores da Guiné-Bissau. “A Guiné Bissau passou por muitas crises e guerras, mas agora está calma. É o momento”.

Edição: João Carlos Rodrigues

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Publicado em 08/02/201108/02/2011 por eduacastroPublicado em África, Na estrada, pela ÁfricaCom a tag Agência Brasil, CUT, Fórum Social Mundial, Fórum Social Mundial 2011, Gilberto Carvalho, salário mínimo na África, salário mínimo no Brasil, Senegal. 1 Comentário

Já no Senegal

Dacar é uma bela cidade que já foi linda. Está inchada, como outras várias capitais africanas.

A caminho da Universidade, onde será o Fórum Social Mundial, passamos pela praia, um tanto suja. Mas um belo visual, sem dúvida.

Amanhã tem atividade – física, inclusive – com a marcha que abre a edição de número 11 do evento. Evo Morales estará lá. Que não corra tanto, porque meu pé já está doendo.

Da janela do hotel vejo a Ilha de Goreé, patrimônio da Humanidade, um dos maiores centros de comércio de escravos do mundo. Más memórias, muitas histórias.

Irei ver de perto, em algum intervalo entre os debates do fórum.

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Publicado em 05/02/201105/02/2011 por eduacastroPublicado em África, Na estrada, pela ÁfricaCom a tag Dacar, Fórum Social Mundial 2011, Senegal. 4 Comentários

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Eduardo Castro nasceu em São Paulo, Brasil, em 1974. Está no Rio de Janeiro desde agosto de 2015. Anteriormente, viveu e trabalhou como jornalista em Washington DC, Maputo/ Moçambique e Brasília.

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