O atentado na TV Brasil

Última reportagem que foi ao ar de Kigali – um dia depois do atentado com a granada.

Isso foi quinta. Ontem, sexta, foi confirmada a segunda morte. Algumas agências deram 6 mortos – e tiveram que “ressuscitar” os mortos mais tarde.

Veja clicando aqui.

Gravei mais depois disso, para um especial que farei sobre Ruanda no programa Caminhos da Reportagem – como expliquei em alguns posts anteriores.

Vai demorar um pouquinho ainda, porque o trabalho de edição é bruto.

Mas, só pra dar vontade de saber mais, logo devem entrar algumas outras matérias na Agência Brasil. Claro, vou reproduzir aqui também.

Atentado em Kigali

Na Agência Brasil. E, logo depois, por telefone, no Repórter Brasil.

19:54
11/08/2010
Granada explode no centro da capital de Ruanda

Eduardo Castro
Correspondente da EBC para a África

Kigali (Ruanda) – Uma granada explodiu na noite de hoje (11) no centro de Kigali, capital de Ruanda. Segundo o porta-voz da polícia, Eric Kiranga, sete pessoas – sendo duas crianças – ficaram feridas com gravidade e levadas para os hospitais da cidade. Até o momento, não há informação sobre o estado de saúde delas.

A explosão, ocorrida por volta de 19h (hora local – 14h em Brasília) deixou um rastro de sangue na calçada, próximo a um terminal de transporte coletivo. Segundo testemunhas, houve pânico e correria. Agora a noite, soldados do exército patrulham o centro de Kigali, que está vazio e aparentemente tranquilo.

Ainda de acordo com a polícia, três pessoas foram presas logo depois do atentado. Elas estão sendo interrogadas. Não há informações sobre o motivo do ataque. A autoria do atentado não foi assumida por qualquer grupo.

A explosão ocorreu no mesmo dia em que a Comissão Eleitoral de Ruanda confirmou a reeleição do presidente Paul Kagame para mais um mandato de sete anos, com 93% dos votos.

Edição: João Carlos Rodrigues

Em Ruanda, na agência e na TV

Tem matéria no ar daqui de Kigali.

Na TV foi assim, segunda de manhã. Ó aqui, ó.

E na agência foi como repito aí embaixo.

08/08/2010
Eleições em Ruanda devem ter primeiros resultados ainda na segunda

Eduardo Castro
Correspondente da EBC na África

Kigali (Ruanda) – A população de Ruanda vai às urnas amanhã (9), pela segunda vez, para escolher seu presidente, desde o massacre étnico ocorrido em 1994. Paul Kagame, que chegou ao poder depois do genocídio que matou 800 mil integrantes das etnias Tutsi e Hutu, concorre ao seu terceiro mandato. Os locais de votação estão abertos entre as 6h e as 15h locais – entre a meia-noite de hoje (8) e as 10h de amanhã, horário de Brasília.

Os observadores internacionais esperam que os primeiros resultados saiam poucas horas depois do fechamento das urnas, devido à liderança que Kagame teve nas últimas pesquisas, algo entre 75% e 85% da expectativa de votos. Além disso, Ruanda tem pequenas dimensões. São 26 mil quilômetros quadrados, área pouco maior que o menor estado brasileiro em extensão, Sergipe, e uma população de apenas 10 milhões de habitantes. Os resultados serão oficializados até o dia 17.

À Agência Brasil, o chefe da missão de observadores da União Africana, Anil Gayan, disse acreditar que as eleições serão tranquilas. Ex-ministro do Negócios Estrangeiros das Ilhas Maurício, Gaian disse que “há muita calma no país, não há incidentes ou violência. O processo eleitoral foi tranquilo e esta segunda-feira deve ser um dia de tranquilidade e de vitória da democracia em Ruanda”, afirmou.

O governo enfrenta acusações de grupos de direitos humanos de tentar de calar a oposição. Jornais deixaram de circular em abril e um jornalista que criticava o governo, Jean Léonard Rugambage, foi baleado na cabeça.

O vice-presidente do Partido Democrático Verde, André Kagwa Rwisereka, foi encontrado morto no Sul do país. Os dois crimes estão sob investigação. Dois outros opositores foram presos, acusados de incitar as diferenças étnicas que causaram o genocídio de 1994. Eles não obtiveram registro para concorrer.

O atual presidente nega qualquer pressão. Falando aos repórteres que estão em Kigali, capital de Ruanda, na véspera da eleição, Kagame disse que a perspectiva de vitória é resultado do trabalho do governo e do partido RPF (Rwandan Patriotic Front – Frente Patriótica de Ruanda). O partido, segundo ele, está “bem preparado, organizado e apresentando alternativas para resolver os problemas das pessoas”.

Em seu favor, Kagame fala do crescimento econômico de 6% ao ano. Os ganhos médios da população triplicaram. O combate à corrupção recebe elogios internacionais, as mulheres têm grande espaço na vida pública. E os investimentos para tornar Ruanda um polo de serviços na África não param de chegar.

Na primeira vez que concorreu à reeleição, em 2003, Kagame recebeu mais de 90% dos votos. Seus dois adversários mais fortes fizeram parte do governo e não são vistos como alternativa de poder. Nas ruas de Kigali, a propaganda desapareceu. Cartazes e fotografias foram retiradas no fim de semana. Os poucos que sobraram são de Kagame, que também aparece nas camisetas usadas por vários eleitores neste domingo.

Segundo o site oficial do governo ruandês, Paul Kagame foi eleito em 2000 pela Assembleia Nacional de Transição. Depois do massacre de 1994, ele foi eleito presidente do RPF, que instituiu o Governo de Unidade Nacional com outros quatro partidos: o Partido Liberal, o Partido Social Democrata, o Partido Democrata Cristão e o Movimento Democrático Republicano.

Em Ruanda

Teclo de Kigali, capital de Ruanda.

A primeira impressão é ótima: um aeroporto pequeno e bonitinho. No balcões, gente que ajuda sem fazer cara de que quer bola pra aceitar seu visto.

E a mala chegou.

Detalhe aéreo: voei de Maputo (Moçambique) a Nairóbi (Quênia) num Embraer 170 da LAM – Linhas Aéreas Moçambicanas. Avião brasileiro, portanto. E voei de Nairóbi (Quênia) para Kigali (Ruanda) em outro Embraer 170, agora da Kenya Airways. Aeronave brasileira de novo, pois. Nunca, na minha vida toda, voei dentro do Brasil num Embraer de companhia brasileira. Só nos da FAB. Nosso bairrismo aeronáutico é do contrário.

Bom, mas eu dizia que Kigali é como o aeroporto: pequena e bonitinha, limpa, cercada por colinas, muito verde. E muitas casas de caniço também.

Lá no alto, bem no centro da cidade, está subindo o primeiro prédio realmente alto. Ou seja: a calma vai embora.

É a vontade do país, aliás. Imagine Minas Gerais, só que sem as minas. Não tem mar, ouro, prata, minério de ferro, carvão, diamantes. Depois do genocídio de 1994, que matou quase 10 por cento da população (vou repetir: matou quase 10 por cento da população. Sabe o termo “dizimar”? Poucas vezes tem aplicação tão perfeita, porque “dízimo” vem de dez), Ruanda precisava de um caminho pra recomeçar. E optou pelo serviço.

A internet é péssima e para poucos. Mas a construção de uma fibra ótica imensa deve mudar isso. Fundamental pra quem quer receber bancos, call centers, sei-lá-eu-o que-mais.

Segunda coisa foi bater firmemente na corrupção – como percebi já no aeroporto. Parece – parece – que vem funcionando.

Falta um monte de coisa, mas já tem computador em várias escolas, as estradas vão melhorando, a comunicação também. Como você vai ver em um Caminhos da Reportagem que vou começar a preparar assim que voltar para Maputo.

Antes, a eleição – aliás, já tem matéria minha sobre ela na Agência Brasil e na TV Brasil, mas é duro usar a pouca internet que tenho para mexer no blog. Dá uma olhada lá. Os links estão aí do lado. Pois então, sobre a eleição, volto ao aeroporto, só pra confirmar que mudança é processo mesmo – não vem tudo junto não. O sujeito lá me ajudou com o visto, não fez cara de que queria algum… mas, funcionário púbico, estava com lindo bottom de Paul Kagame, presidente e candidato.

Aparelhamento!

Quarta-feira cairemos no mundo. Vamos circular pelo país que é um tico maior que Sergipe (nosso menor estado em extensão) e enfia uma população de meio Moçambique nessa gavetinha.