Colega do Estadão solto pela relação Brasil-Líbia

Não precisa concordar com tudo sempre. Mas ter abertura para conversar é sempre melhor que bater o pezinho e se achar muito melhor que o outro.

Matérias do Estadão e do G1. Primeiro, o Estadão.

Andrei Netto: ‘Senti o vento soprando no meu rosto pela 1ª vez em 8 dias’
Repórter ficou isolado em prisão próxima a Trípoli após ser detido por mercenários de Kadafi

SÃO PAULO – O enviado especial do Estado ao oeste da Líbia, Andrei Netto, disse em entrevista nesta quinta-feira, 10, que ficou incomunicável em uma prisão nos arredores de Trípoli nos oito dias em que esteve preso. De acordo com o repórter, ele e o iraquiano Ghaith Abdul-Ahad, enviado do jornal britânico The Guardian, foram presos na cidade de Sabrata, enquanto tentavam chegar à capital líbia. O brasileiro foi obrigado a deixar o país para ser libertado.
casa do embaixador brasileiro na Líbia, George Ney Fernandes.

Segundo Netto, ele e seu colega iraquiano entraram na Líbia pela fronteira com a Tunísia. Eles entraram na Líbia com o auxilio de um grupo de rebeldes e não conseguiram obter visto de entrada no posto fronteiriço de Dehiba.

“Nós tentamos (o visto) em Paris e em Túnis. Nas duas cidades os consulados estavam fechado. Quando voltamos ao posto de Dehiba, o local estava tomado por confrontos”, disse. Ainda de acordo com o repórter, ele esteve em contato com a embaixada brasileira em Trípoli o tempo todo para poder obter o visto.

Netto e Abdul-Ahad tentaram chegar a Trípoli com o auxílio de moradores das cidades próximas. Ao chegarem a Sabrata, cidade pró-Kadafi, concordaram em tentar atingir a capital por meio de Az-Zawiyah, palco de confrontos entre rebeldes e forças do ditador.

Eles foram abrigados por um morador de Sabrata, mas acabaram expulsos do local na quarta-feira, 2. Ao chegarem na praça da cidade, foram cercados por mercenários pró-Kadafi e presos. Netto relata ter levado uma coronhada na cabeça. De lá, os milicianos entregaram os jornalistas para o Exército e a polícia de Sabrata.

As forças de segurança então transferiram os dois repórteres para uma prisão nos arredores de Trípoli Segundo Netto, sua libertação só foi possível devido à atuação da embaixada brasileira em Trípoli e à boa relação entre os dois países.

“O Ahad é iraquiano e trabalha para um jornal britânico, um governo tido como hostil pelo governo líbio. Mas não podemos esquecer que ele continua preso”, disse.

Trecho da matéria do G1:

“A condição para a minha libertação era que eu fosse expulso do país. O que me deixaram muito claro é que eu estava saindo graças à ação da embaixada brasileira em Trípoli. Ou seja, do embaixador George Ney Fernandes e do Itamaraty. E graças, em especial, à relação entre os dois países, Líbia e Brasil. O Ghaith Abdul-Ahad, que é o jornalista do Guardian e esteve comigo durante esse tempo todo, continua preso. Eu cheguei a um local protocolar, consular em Trípoli e eles me informaram, então, que o Ghaith Abdul-Ahad continua preso e a priori não existe deadline para a prisão dele”, disse Netto.

Colega do Estadão é libertado na Líbia

É um alívio. Numa outra nota, informa que Andrei está bem de saúde e deve deixar o país na sexta-feira.

Repórter do Estado é solto na Líbia

“O repórter Andrei Netto, enviado especial do Estado à Líbia, foi libertado nesta quinta-feira, 10. Ele está abrigado na casa do embaixador brasileiro em Trípoli, George Ney Fernandes. Ele esteve preso por oito dias”.


Colega do Estadão localizado: está preso

Reportagem da nossa, sempre nossa, Agência Brasil.

10/03/2011
Jornalista brasileiro desaparecido na Líbia é localizado preso perto de Trípoli

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A diretora executiva do jornal O Estado de S. Paulo, Luciana Constantino, confirmou à Agência Brasil que o jornalista Andrei Netto, de 34 anos, que estava desaparecido na Líbia, foi localizado. O embaixador do Brasil na Líbia, George Ney de Souza Fernandes, informou ao comando do jornal que Netto está preso em uma penitenciária a 20 quilômetros da capital líbia, Trípoli.

Segundo Luciana, os esforços agora do embaixador e do jornal são para tentar intermediar a libertação de Netto e retirá-lo da Líbia. O comando do O Estado de S. Paulo informou ontem (9) que perdeu o contato com o repórter que fazia a cobertura na área de de Zawiya – uma das regiões onde os conflitos são mais intensos.

A pedido da direção do jornal o Ministério das Relações Exteriores e a Embaixada do Brasil passaram a atuar na localização de Netto. Até o começo da manhã de hoje o Itamaraty não tinha informações sobre o caso.

Outro caso envolvendo jornalistas ocorreu com empregados da rede britânica de notícias BBC. Segundo a empresa, três jornalistas da foram presos e torturados por forças leais ao presidente da Líbia, Muammar Khadafi, quando tentavam entrar em Zawiya. Segundo a BBC, os três profissionais foram encapuzados, algemados e agredidos por integrantes do Exército líbio e da polícia secreta. Os profissionais também foram ameaçados de morte e submetidos a torturas que os faziam crer que seriam executados.

No começo do mês passado, os jornalistas Corban Costa, da Rádio Nacional, e Gilvan Alves, da TV Brasil, foram presos, tiveram os olhos vendados e os equipamentos e documentos apreendidos no Egito, enquanto estavam no país para a cobertura da crise causada pela pressão para a saída do então presidente Hosni Mubarak. Os profissionais foram libertados e enviados de volta para o Brasil.

Repórter do Estadão desaparecido na Líbia

Conheci o Andrei há pouco tempo, durante o Fórum Social Mundial no Senegal.
Colega de pautas e jantares, junto com a Tatiana Farah, dO Globo e o Bernardo Mello Franco, da Folha.

Jovem, mas com boa bagagem, sempre disposto a correr atrás das histórias. Preguiça não é com ele.

Torço de longe. Força para a família e os amigos mais próximos.

‘Estado’ perde contato com repórter na Líbia

O Estado perdeu há uma semana todo contato direto com seu repórter Andrei Netto, correspondente em Paris que estava no oeste da Líbia cobrindo os confrontos entre rebeldes e forças do regime de Muamar Kadafi. Segundo informações não confirmadas obtidas nesta quarta-feira pelo jornal, Netto teria sido preso pelo governo, juntamente com um outro jornalista e um guia líbio que os auxiliava.

Até domingo, o Estado recebia informações indiretas de que seu repórter estava bem, escondido na região de Zawiya – cenário de violentos confrontos entre Kadafi e os insurgentes, a 30 quilômetros de Trípoli. A comunicação direta com a redação – por meio de telefonemas e e-mails – havia sido propositadamente cortada por segurança, afirmavam fontes líbias.

Nesta quarta, porém, novas informações indicavam que Netto tinha sido preso na região de Zawiya. Em conversa por telefone com o Estado, o vice-chanceler da Líbia, Khaled Qaim, disse que a notícia da prisão era “provavelmente correta”. Ele já estava informado sobre o assunto antes de ser contatado pelo jornal e se comprometeu a ajudar a localizar o brasileiro. Até o ínicio da noite desta quarta, porém, Trípoli não tinha confirmado oficialmente a detenção.

O governo brasileiro, a Embaixada da Líbia no Brasil, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, a ONU e vários veículos de comunicação do Brasil e do mundo estão colaborando com o Estado no sentido de garantir a integridade física e segurança do repórter, bem como sua saída imediata e em segurança da Líbia. A família do repórter – que tem 34 anos e é gaúcho de Ijuí – está em contato direto com o jornal.

Netto entrou em território líbio pela fronteira da Tunísia no dia 19, dias após o início dos confrontos entre Kadafi e opositores. Pouco a pouco, ele foi avançando na direção de Trípoli, mas parou em Zawiya, onde se intensificaram os confrontos.

A cidade, que havia sido tomada pelos rebeldes, foi sitiada por soldados leais ao governo há uma semana. Em seguida, forças da brigada Khamis – tropa de elite comandada por um dos filhos de Kadafi – realizaram várias investidas contra Zawiya.

Correspondente do Estado em Paris desde 2006, Netto tem experiência em grandes coberturas internacionais, como o terremoto de L’Áquila, na Itália, o acidente do voo 447 Rio-Paris da Air France e cúpulas do G-20.