Duas reportagens exibidas segunda-feira.
Aqui, você vê a abertura, na edição da manhã.
Aqui, Lula no primeiro dia dos trabalhos, na edição da noite.
Até agora, de TV aberta, só nós aqui. Ficaremos até o final do Fórum.
Duas reportagens exibidas segunda-feira.
Aqui, você vê a abertura, na edição da manhã.
Aqui, Lula no primeiro dia dos trabalhos, na edição da noite.
Até agora, de TV aberta, só nós aqui. Ficaremos até o final do Fórum.
A moçada quer fazer de conta que o cara não existe.
Mas Lula é inevitável.
07/02/2011
Lula no fórum: não se pode trocar neoliberalismo por nacionalismo atrasado
Eduardo Castro
Correspondente da EBC na África
Dacar (Senegal) – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou do Fórum Social Mundial uma postura firme diante da posição dos países ricos em relação à África. “Penso que o Fórum deveria tomar uma decisão: não é possível que o mundo rico não assuma um compromisso com o Continente Africano, exatamente no momento em que o preço dos alimentos sobe no mundo inteiro. Não pensem que o G-20 tem sensibilidade para o problema da fome. Só fomos chamados para reuniões com os países ricos quando eles entraram em crise e precisavam do nosso apoio”, afirmou Lula.
Lula ganhou aplausos dos representantes dos movimentos sociais que lotaram o auditório, entre eles muitos brasileiros, ao dizer que acha que “não faz sentido que FMI [Fundo Monetário Internacional] e Banco Mundial imponham ajustes que inviabilizem políticas públicas de incentivo à agricultura em países pobres”.
Também foi saudado ao afirmar que é cada vez mais forte a consciência de que fracassou o chamado Consenso de Washington (conjunto de medidas pactuadas em 1989 por organismos financeiros multilaterais, como FMI e Banco Mundial, que serviu de base para políticas de estabilização econômica de países em desenvolvimento). “Quem, com arrogância, nos dava lições, não foi capaz de evitar a crise nos seus próprios países. Felizmente não vigoram mais as teses do Estado mínimo, sem presença reguladora. O mercado já não é mais a panaceia”.
Lula completou dizendo que não se pode trocar o neoliberalismo pelo “nacionalismo atrasado, opção da direita americana e europeia, culpando o imigrante pela corrosão social”.
Lula participou de uma mesa sobre o peso geopolítico da África, ao lado do presidente de Senegal, Abdoulaye Wade. “O Brasil não tem pretensão de ditar modelos para ninguém”. Mas, segundo ele, “nosso êxito pode ser um estímulo para a construção de um caminho alternativo ao desenvolvimento sustentável e igualidade social”.
“É hora de colocar o desenvolvimento e a democracia no centro da agenda africana”, afirmou o ex-presidente. “É urgente incorporar à cidadania milhões de africanos pobres, o que será importante também na recuperação da economia mundial”. A saída, segundo ele, é produzir alimentos. “Não há soberania efetiva sem segurança alimentar”.
Lula disse que leva ao fórum a mensagem de quem governou o país com a segunda maior comunidade negra do mundo (80 milhões de pessoas), menor apenas que a da Nigéria. Repetiu o pedido de desculpas feito quando da primeira visita ao Senegal, em 2005, por causa do processo de escravidão ocorrido no Brasil até o fim do século 19. “A melhor maneira de reparar é lutar para fazer desse Continente um dos mais prósperos e justos do século 21”.
Na sequência, o presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, afirmou ter “profundos desacordos” com os participantes do fórum porque é “um liberal, partidário da economia de mercado, e isso diz tudo”. Entretanto, afirmou, o Fórum Social é importante porque “o mundo espera pela ideia que o salvará do caos”.
Presidente desde 2000, Wade afirmou que o Senegal melhorou muito desde então. “A renda per capita era de menos de U$ 1,5 mil em 1999. Hoje é de U$1,34 mil, duas vezes e meia o limite da pobreza”. O país também é autossuficiente na produção de alimentos.
“A aspiração à mudança é fundamental. E hoje a África está numa encruzilhada. A imagem é de continente pobre, mas é preciso corrigir essa ideia. Ela não é pobre – foi empobrecida”, sentenciou o presidente do Senegal. Wade disse que apoia a proposta de taxação do fluxo de capitais em 20%, o que geraria recursos para combater a pobreza. E defendeu que a África tenha um assento com direito a veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU). “70% dos temas tratados [no conselho] são relativos à África”, disse o presidente senegalês.
07/02/2011
Lula critica centrais sindicais que exigem aumento real do salário mínimo
Eduardo Castro
Correspondente da EBC na África
Dacar (Senegal) – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a exigência das centrais sindicais de aumento real do salário mínimo este ano, quando a regra prevê a reposição da inflação do ano anterior e aumento real com base na variação do Produto Interno Bruto de dois anos antes.
“Não é uma boa política mudar o acordo a cada ano. Se é verdade que PIB vai dar zero este ano, ano que vem vai dar oito, tem compensação”, afirmou o ex-presidente, pouco antes de participar de uma das discussões do Fórum Social Mundial, em Dacar, capital do Senegal.
“O que não pode é nossos companheiros sindicalistas quererem mudar a regra do jogo a cada momento. Ou você aprova a regra na Câmara e todo mundo fica tranquilo, ou você tem oportunismo”, afirmou Lula, lembrando que a “proposta não é do governo, é um acordo”.
As centrais sindicais querem que o governo conceda aumento real para o mínimo, ignorando a regra que prevê aumentos com base no crescimento econômico que, em 2009, não houve, por causa da crise financeira mundial iniciada em 2008. “É natural que as centrais queiram um aumento maior que a inflação”, disse João Felício, secretário de Relações Internacionais da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e ex-presidente da entidade, que também está em Dacar. “A nossa pretensão é [elevar o salário mínimo para] R$ 580. Caso não consigamos convencer o governo, vamos levar essa luta para o Congresso Nacional e para a sociedade.”
Segundo Felício, a CUT não está propondo mudança na regra de correção do mínimo. “Estamos propondo ter o aumento real já este ano. No ano que vem a gente volta a discutir a regra antiga”. Para ele, empresas, governos estaduais e prefeituras beneficiaram-se da melhora da economia e estão em condições de pagar um mínimo maior, “o que também aumenta a arrecadação da Previdência, sempre usada para justificar a decisão de não aumentar mais”, afirmou o sindicalista.
Lula declarou que pode até conversar com os antigos companheiros, mas não irá interferir na questão. “Não é mais minha tarefa conversar. O governo e o Congresso devem fazer isso”.
Edição: Vinicius Doria