Caso ou compro uma biclicleta?

No trajeto até os memoriais do genocídio, me impressionei com o número de biclicletas-táxi na estrada que liga Ruanda ao Burundi, aqui bem no centro da África. Isso mesmo: bicicletas-táxi. Você paga uma nota lá e o sujeito sobe e desce as colinas pedalando no seu lugar. Eles têm uniforme e tudo. É um colete verde, com listras amarelas.

Não confundir com o moto-táxi (aliás, aqui chama táxi-moto), que circula na cidade de Kigali aos montes, sempre de capacete verde – um pro motosta e outro pra você, passageiro. Um trajeto de 10 minutos custa 300 francos – exatos 90 centavos de real. Quando descobri, passei a fugir do carro – que cobra 3 mil – 9 reais – pelo mesmo trajeto.

Comentei com o Rachid, o motorista (do carro), que achava interessante aquele monte de bicicleta na estrada cheia de sobe-e-desce. Ao que ele responde: “é status ter bicicleta aqui”.

“Em algumas regiões mais afastadas, quem não tem bicicleta não casa”, diz o Rachid. O pai da noiva logo pergunta: “tem bicicleta? Não? Então nada de casar com minha filha.”

Logo, pare com a bobagem de “não sei se caso ou compro uma bicicleta”.

Compre a bicicleta antes. Em alguns lugares, sem um, não tem o outro.