Telejornalismo da TV Miramar Moçambique premiado pela CNN Africa

A reportagem de Selma Marivate sobre os rastafaris em Moçambique recebeu o prêmio CNN Africa Multichoice na categoria “notícias gerais em português”.

No ano passado, o repórter Sérgio Sitóe já havia sido selecionado para a final. Neste ano, o trabalho da Selma foi reconhecido pelo juri final.

Reconhecimento ao talento e esforço dela, do Departamento de Informação da TV Miramar (que, não por acaso, é ela que dirige), e também ao jornalismo moçambicano – e, em especial, o de televisão.

Em quatro meses aqui, tenho aprendido muito. É uma troca rica e interessante. Estou permanentemente revendo meus conceitos, tendo que pensar antes de sugerir ou fazer coisas que, no Brasil, eu tomava por certas sempre. Enfrento dificuldades aqui que me ajudam a criar saídas, pensar em alternativas. Cansa, mas é muito bom.

Ao mesmo tempo, acho que consigo ajudar à turma de cá a descobrir coisas novas, tentar novos caminhos, pensar de um outro jeito, entender como funciona a nossa máquina de fazer televisão. Aqui vê-se muito TV do Brasil, mas fala-se pouco sobre ela.

Sempre digo a eles que a minha idéia não é ensinar nada a ninguém. Mas sim mostrar uma experiência. Nada é para ser copiado, mas para ser conhecido, e só adaptado se fizer sentido.

Afinal, como o prêmio comprova, a moçada sabe o que faz.

A peça premiada tem uma hora – é um episódio do programa Contacto Directo, de reportagens especiais.

Logo, logo coloco aqui.

Jornalismo da Miramar disputa prêmio da CNN África

Ao lado, um destaque da capa do semanário A Verdade – o jornal de maior circulação no país – que saiu hoje. A foto lembra o aniversário da independência moçambicana, que faz 36 anos amanhã.

Abaixo, uma reportagem sobre o prêmio CNN Africa de Jornalismo, que será entregue neste fim de semana em Joanesburgo, África do Sul.

Em destaque, dona Selma, editora e apresentadora do Contacto Directo e e âncora do telejornal Fala Moçambique. Graças ao trabalho dela nesses programas, agora ela é a directora de informação da Miramar.

Se ela trouxer o prêmio, ótimo. Se não trouxer, ótimo da mesma forma – como já foi no ano passado com o Sérgio Sitóe, que também qualificou uma reportagem para a fase final.

Segue a reportagem d’A Verdade:

“A televisão Miramar foi eleita para a final do prémio CNN de jornalismo africano, um evento anual que visa salientar a importância do papel dos jornalistas para o desenvolvimento de África, bem como premiar, reconhecer e incentivar o talento jornalístico em todas as áreas da comunicação social.

A matéria eleita foi exibida em meados do ano passado no programa Contacto Directo e fala sobre o movimento Rastafari, internacionalmente reconhecido e com seguidores em Moçambique. Circunscrevendo- se à polémica sobre a prática do sacramento com recurso à cannabis sativa, a reportagem mostra o consumo desta droga ilícita por crianças a partir dos dois anos, em que umas usam-na em forma de chá e outras de seis anos fumam-na. Actualmente com mais de 50 edições, o programa não pára de granjear simpatias um pouco por todo o país, apesar de o raio de acção estar limitado na província de Maputo. Com uma equipa de quatro pessoas, o Contacto Directo é composto por uma apresentadora, um editor, um repórter e um operador de câmara.

Para Selma Marivate, apresentadora do programa e directora de Informação da Miramar, é satisfatório representar Moçambique além-fronteiras, como também constutui uma grande responsabilidade. Refira-se que é a segunda vez consecutiva que a Miramar é apurada para a final dos prémios CNN depois de no ano passado ter conseguido o mesmo feito com o Jornalista Sérgio Sitoi, do programa Balanço Geral. Da lista de eleitos, constam outros dois falantes da língua portuguesa, nomeadamente Nkula Zau da Televisão Pública de Angola e José Bouças de Oliveira, da Televisão de São Tomé e Príncipe.

Selma Marivate que em 2010 ganhou o prémio da 3ª edição do concurso “Grande Prémio de Jornalismo SNJ & Vodacom” e desenha as perspectivas e as directrizes do programa, revela que nem sempre é fácil produzir o programa. “O apuramento é a parte mais difícil, por causa da dinâmica que caracteriza o terreno. “Podemos planificar uma coisa, mas quando vamos ao campo encontramos outra totalmente diferente”, diz.

Selma Marivate

Durante dois anos, Marivate trabalhou num dos prestigiados hotéis de Maputo, onde acalentava o sonho de crescer no ramo de hotelaria e turismo, mas viu a sua pretensão frustrada pelos assédios e chantagens de um superior hierárquico. “Por essa e outras razões abandonei o local através de uma carta de demissão”, conta e acrescenta: “além do assédio, a situação salarial era dramática. Tenho princípios rígidos, procuro zelar pela minha boa imagem e nessas condições quando não há hipóteses prefiro abandonar o barco”.

Há cinco anos na Miramar, dois apresentando o Telejornal e três o Contacto Directo, entrou na empresa como assistente de produção e logo recebeu uma proposta para fazer reportagens sociais. Sempre quis ser jurista, mas foi como apresentadora que ganhou o primeiro prémio profissional. “Antes, no hotel onde trabalhei já tinha sido nomeada entre trezentos trabalhadores”, conta. Frequentou o curso de direito na UEM mas abandonou-o quando frequentava o terceiro ano.

Embora com rumo diferente, considera-se dentro dos padrões profissionais que sempre quis. No exercício do jornalismo, confronta-se quase que sempre com a necessidade de usar regras. “Mas ainda não desisti. O direito também faz parte das minhas paixões. É muito bom cursar esta área porque permite conhecer profundamente questões jurídicas, também necessárias para o convívio social”, disse.”

Maningue audiência, pá!

“Maningue” é gíria moçambicana para “demais”, “bastante”, “um montão”.

Acho que se enquadra ao resultado do Balanço Geral no último dia 15.

O nosso Ernesto Martinho tem só cara de bravo. E, detalhe: é formado em Relações Internacionais.

Pois é, Datenão. Aqui em Moçamba também tem gajo que manda por na tela. Ali, ó…

Agora é a vez da TV Miramar / Record Moçambique

Aqui, um vídeo institucional da TV Miramar, com suas estrelas da programação local.

Estão aí o Fala Moçambique (com a Selma Marivate e o Hermínio José), o Balanço Geral (com o Ernesto Martinho), os repórteres na rua, o Moçambique no Ar, o Contacto Directo…

Estou lá há pouco mais de um mês. Tem sido interessante e enriquecedor demais para mim. Espero que também esteja sendo para os colegas e para o telespectador.

Aprendi muito, e , em breve, vamos trazer novidades em termos de visual e de qualidade.

Mas só com os ajustes que temos feito já tem sido possível ver algumas alterações positivas, tanto no conteúdo quanto na audiência.

Agora é a vez da Miramar.

Na Record Moçambique/ TV Miramar

Menos um desempregado no mundo: comecei hoje a colaborar com a Record Moçambique, que aqui assina como TV Miramar.

Numa só tacada, mato duas grandes vontades profissionais: ver de perto como é a TV aqui em Moçambique – e como se dá essa relação entre lusófonos e Brasil; e também trabalhar para a mais antiga emissora brasileira em atividade.

Fato que não vou, a princípio, fazer nada para a Record do Brasil. É uma consultoria no jornalismo local. Desafio interessante, porque muitos jornalistas que fazem TV hoje, em Moçambique, nasceram num tempo em que não havia TV no país. Ou, se tanto, havia uma única emissora – a TV do estado, numa época de partido único ou de guerra civil.

A ideia não é impôr o “estilo brasileiro” de fazer TV ou jornalismo. Mas sim colocar à disposição dos colegas daqui uma fórmula testada, que tem falhas detectadas (no formato menos; no conteúdo muito mais), mas que é bem diferente das referências portuguesas ou de jornal impresso que também acabaram marcando o mercado local. Vamos ver.

Record é uma marca histórica. Tantos foram os colegas mais velhos que muito me influenciaram na Bandeirantes e na Trianon que tinham passado por ela e pela Jovem Pan (que eram do mesmo grupo). Tantos outros colegas, mais novos, que começaram comigo na Bandeirantes ou Trianon que hoje estão na Record. Sem contar que Bandeirantes e Record, um dia, foram uma coisa só.

A TV Record nasceu em 27 de setembro de 1953. A primeira imagem a aparecer foi a de uma escada; por ela desceu a maior estrela da Rádio Record na época, Blota Junior, que apresentou a nova emissora: “Boa noite. Está no ar a TV Record, canal 7 de São Paulo.”

Anos depois, na sala da casa dele, junto com minha futura esposa Sandra e futura madrinha de casamento (a neta dele, Sonia, hoje repórter da BAND), ouvi Blota dizer que gostava do nome com o qual eu tinha assinado minha primeira reportagem, naquela mesma semana (uma greve de professores em São Paulo): “Curto, forte e sonoro”.

“Talvez pudesse usar algo mais jovem, como ‘Edu Castro Macedo”, disse ele. “Mas, não”. Sentenciou: “Eduardo Castro vai dar certo.”

Fora o saudoso Gerson de Abreu, falecido, do “X Tudo”, da TV Cultura, que me chamava de “Duda Castrão” na Rádio Trianon (e meu padrinho André Porto Alegre lembra e adora até hoje) – nunca mais ninguém me chamou no ar por outro nome.

Sábio Blota. Já pensou se tivesse vingado o “Edu”? Depois de ouvir, na TV Brasil, que tinha me “aboletado numa boquinha”, agora ia ter jênio (com “j” mesmo, pra enfatizar a genialidade) dizendo que só arrumei o novo emprego porque “sou” da família.