E ela talvez não venha…

Acabo de saber que a presidenta-eleita pode optar por não vir.

Imagino mesmo que esteja precisando de descanso.

Entretanto, quando fizemos a reportagem, ontem, tudo indicava que viria.

Fato: como eu mesmo digo lá, as agendas ainda não estavam completamanrte fechadas.

Enfim, com ela ou sem ela…. estamos aqui, a espera de quem queira vir nos ver.

Clique aqui para ver como mostramos a expectativa em torno da visita
a Maputo, no Repórter Brasil.

Ela vem chegando…

O maior privilégio de um jornalista é ver de perto aquilo que a infinita maioria das pessoas viu (ou vai ver) pela TV, ouviu pelo rádio ou ficou sabendo pelo jornal, revista, internet.

E, entre todos os mais de 200 países do mundo, Dilma escolheu o que eu vivo para fazer sua primeira viagem depois de eleita.

Desnecessário dizer que jamais esperava por isso.

Em 2001, quando morava nos Estados Unidos, o 11 de Setembro aconteceu na minha janela. Por pouco o avião que caiu no Pentágono não entrou pela minha sala de jantar.

Vi as vítimas de Eldorado dos Carajás, os sequestrados na casa do embaixador do Peru. Vi todos os presidentes da república vivos. Vi um papa morto (nunca um vivo, aliás). Vi a eleição americana quase não acabar em 2000.

Vi três copas do mundo, um olimpíada, um monte de grandes prêmios de Fórmula Um, outro tanto de corridas de São Silvestre.

Vi a posse do Lula, a despedida de Fernando Henrique. Vi Lula e Obama no Salão Oval da Casa Branca. Como já tinha visto Fernando Henrique e Bush usando as mesmas cadeiras.

Vi os memoriais do genocídio em Ruanda. E os índios sequestrarem um padre na reserva Raposa Serra do Sol.

Vi partos e casamentos. Enterros, missas, cultos e procissões.

Vi o Brasil todo e boa parte do mundo.

Vi muita gente boa. E muito salafrário também.

Bom ou ruim, vi. E para minha satisfação, verei – de novo – bem de pertinho.


02/11/2010
Para Moçambique, visita de Dilma é indício de que a África seguirá como prioridade do Brasil

Eduardo Castro
Correspondente da EBC na África

Maputo – O governo de Moçambique considera a visita da presidente eleita, Dilma Rousseff, ao país um indício de que a África vai seguir como uma das prioridades da política externa do Brasil. “Que melhor sinal de continuidade no relacionamento poderíamos ter se não este?” – indagou o ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Baloi.

A presidente eleita acompanhará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na última visita dele à Africa, na semana que vem (dias 9 e 10). Ambos ficarão por dois dias em Maputo, capital de Moçambique, antes de seguir para o encontro dos líderes do G20 (as 20 maiores economias do mundo) em Seul, na Coreia do Sul. “Será um privilégio muito grande que ela, logo depois da eleição e mesmo antes de sua posse, venha a Moçambique”, disse Balói, na saída da reunião semanal do Conselho de Ministros moçambicano.

De acordo com ele, o esforço do governo Lula em fortalecer os laços comerciais, de amizade e cooperação com a África foi reconhecido em todo o continente. “Com o presidente Lula, a política externa do Brasil teve enfoque muito grande na África, algo sem precedentes”, afirmou. “Nos diferentes fóruns em que tenho participado – da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC, a sigla em inglês)), ou da União Africana, por exemplo – isso tem sido notado.”

A agenda oficial da visita a Maputo ainda está sendo finalizada, mas um dos compromissos é a visita ao local onde será instalada uma fábrica de remédios contra a aids. A primeira máquina a funcionar, uma emblistadeira (que molda e embala comprimidos), chegou a Moçambique na semana passada e está sendo montada.

Lula e Dilma devem conhecer o local onde a fábrica vai funcionar: um galpão ao lado de uma fábrica de glicose e soro fisiológico do governo moçambicano, que está sendo adaptado para receber o laboratório.

Instalada a primeira máquina, os técnicos moçambicanos passam por um treinamento. Até março, os outros equipamentos já comprados pela Fundação Oswaldo Cruz (que fará a gestão técnica da planta) irão chegar. Seis meses depois, a fábrica começa a embalar remédios e em mais seis, passa a produzir antirretrovirais. Além de remédios antiaids, está programada a produção de medicamentos contra a tuberculose e a malária.

O presidente Lula divulgou a intenção de auxiliar no projeto durante sua primeira visita ao país, em 2003. O Congresso brasileiro só autorizou o gasto (R$ 13,6 milhões) em dezembro do ano passado. Neste ano, Moçambique fez a concorrência para as obras de adequação do espaço. Esse é apenas um dos cerca de 150 projetos de cooperação que o Brasil mantém com países africanos.

O presidente também dará uma aula magna na Universidade Pedagógica de Moçambique, a primeira instituição de fora do país a integrar a Universidade Aberta do Brasil, que forma e qualifica educadores por meio do ensino a distância.

São apenas dois dos mais de 150 projetos de cooperação que o Brasil mantém ou apoia na África. Além da Fiocruz, instituições como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estão envolvidas nas iniciativas.

Muitas empresas brasileiras também fortaleceram suas operações na África nos últimos anos. Na semana passada, a Petrobras anunciou a descoberta de petróleo em Angola. Há cerca de 20 dias, a mineradora Vale lançou a pedra fundamental de uma mina de cobre na Zâmbia.

As construtoras Camargo Correa, Odebrecht, Constran e Andrade Gutierrez, além da montadora Marcopolo, da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) e do grupo Votorantim, são alguns dos conglomerados brasileiros que trabalham no continente. Outros, como a fabricante de papel e celulose Suzano, estudam a possibilidade de instalar unidades. Além das operações locais, as exportações brasileiras para a África triplicaram entre 2002 e 2008.

“É bom termos parceiras fortes entre os emergentes”, ressalta o ministro dos Negócios Estrangeiros moçambicano, lembrando que além do Brasil, a Índia, China e África do Sul têm estreitado o relacionamento com o continente. “Temos identidade em vários temas internacionais. E ainda há muito trabalho a fazer e sinergias a aproveitar e criar”, completou Balói.